segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Dia 14/11/2011

Quando perdemos nossos mestres e nos encontramos diante de uma escuridão. Escuridão esta que nos traz um questionamento: O que faço em minha vida sem você? Diante desse questionamento nos encontramos diante de outras tantas dúvidas que surgem diante de nós ao longo do caminho pela sombra e escuridão que nos encontramos. Apegamos-nos facilmente a figura de nossos mestres, a sua existência concreta e a presença física e material. Na verdade, a perda de um ente querido nos traz o desafio de sentir a falta concreta desse mesmo ente querido, o que não é fácil de ser enfrentado. O que nos resta são apenas as lembranças, os ensinamentos e a saudade, além da falta do mestre que nos deixou repentinamente. Mais do que apenas obras materiais, nossos mestres deixam marcas profundas em nosso ser, em nossa essência enquanto seres humanos. Em muitos momentos, nos sentimos desesperados, impotentes e imóveis, pois nosso objeto de amor e afeição não está aqui para nos apoiar, incentivar e nos trazer confiança.
Mas daí vem uma forte motivação para continuarmos a viver, pois ainda não chegou nosso momento de partir dessa vida concreta. Mesmo estando longe de nós, nossos mestres se encontram perto de nossos corações e através de nossas memórias e daqueles que fizeram parte da vida desse mesmo ente que partiu. As lembranças ruins estão presentes sim, mas não podem nos endurecer perante a vida, aos outros e ao mundo que nos cerca. A existência não deveria estar vinculada a dimensão da vida física, mas a todas as outras formas de se considerar a nossa realidade. Disse tudo isso com o intuito de relembrar com muito carinho e consideração com relação ao meu pai e mestre Antônio Ricardo Micheloto. O senhor foi muito mais do que um mestre e ainda é para mim mais do que a existência. Você ainda é tudo para a nossa vida e nunca irei te esquecer. Não me esqueci de suas brincadeiras e de seus momentos de sono frente à televisão, seu sorriso quando reuníamos com nossos tios, primos outros parentes, além de sua calma quando conversava e lia jornais frente a varanda.
Abraços de Otávio meu Velho.

sábado, 29 de outubro de 2011

Caminho de uma Alma

Uma alma vagava no mundo espiritual e encontrou dois caminhos, um da escuridão e outro da luz. Perguntou a si mesmo: qual caminho escolho diante de mim? Não sabia qual a resposta, o que fazer, como escolher nem qual caminho desejava atravessar. Nesses momentos de escolhas às vezes impossíveis e angustiantes, as almas ficam perdidas em meio aos caminhos e às trajetórias que as aguardam. Não foi diferente no caso daquela alma. Ela se encontrava entre duas escolhas, um era a luz e a outra a escuridão. Afinal, todos nós nos encontramos diante dos opostos em diversos momentos de nossas vidas. A alma não queria ter de escolher e nós também não queremos decidir. Uma idéia veio à mente da alma: jogar-se na sorte e arriscar o caminho da escuridão, pois acreditava que a iluminação era fácil demais, além de corresponder a um risco dessa mesma alma se perder, não buscar o sentindo de sua verdadeira existência enquanto espírito. O caminho da escuridão representa o mistério de nosso existir, pois não temos uma vaga noção do que seja esse mesmo mistério da escuridão e da sombra que nos acompanha. Aquela alma representa os nossos anseios, dúvidas e questionamentos. Mas algo ela fez, preferiu caminhar na escuridão, o que não diz respeito ao mundo dos vícios, erros, condutas inadequadas e atos destrutivos, apenas a incerteza de se lançar naquilo que é obscuro e de difícil compreensão.
Com certeza essa alma que vagava no mundo espiritual já foi um ser humano com desejos, interesses, anseios entre outros sentimentos como qualquer outro humano. Não porque ser uma alma signifique perder a dimensão corpórea e psíquica. Livrá-la de suas memórias tão humanas seria um erro muito grave, pois havendo uma consciência que foi retirada da alma, não se concebe a falta de sensibilidade tão humana. Afinal uma alma também sente emoções, ou não? Foi essa justamente o que a alma errante perguntou a si mesma quando se encontrava diante das duas escolhas, ou seja, como se sentiria se escolhesse o caminho da escuridão ou da iluminação? Diante dessa pergunta a nossa alma resolve se entregar e assumir os riscos de caminhar através da obscuridade. A alma fez justamente o que cada um de nós deveria fazer ao longo de nossa existência. Tememos nos entregar à vida e sermos responsáveis por nossas escolhas e nascemos justamente em condição liberdade, o que acarreta em angústia com relação à queda no abismo que justamente é essa mesma angústia existencial. Voltando à trajetória de nossa alma errante, percebemos como enfrentar os riscos da escuridão corresponde a um desafio que alma em questão assumiu.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pensamentos Eternos em Minha Mente: dia 09/08/2011

Esses dias foram difíceis e complicados. Não por ter ocorrido algum desastre, morte ou quaisquer circunstância que torne a vida mais conflituosa. O que torna esses dias complicados é o fato de que em nenhuma outra fase da vida o sentimento de solidão, angústia e pesar foram tão sentidos e vivenciados intensamente como agora. Anteriormente, a base de segurança em que nos sustentávamos possibilitava uma “ilusão” com relação ao que era a vida familiar como conhecíamos. Nesse momento em que nos encontramos, não há mais a base segura em que sentíamos alívio, conforto e segurança. A “redoma” que nos protegia fora rompida e destruída, pois com a perda da pessoa que nos sustentava em todos os sentidos, no caso meu pai, uma nova forma de encarar a lidar com a vida surgiu. Com este mesmo surgimento de uma vida mais ampla e complexa, a nossa família não conseguiu mais recuperar o seu centro o eixo de sustentação.
Eu ainda não consegui trilhar meu caminho ou trajetória da forma com havia planejado, pois a morte surgiu repentinamente em minha vida. Não esperamos a morte nem a desejamos, somente quando a perdemos é que realmente passamos a ter noção do quanto somos frágeis e pequenos diante da imensidão inexplorável do universo da existência. Eu projetei para minha vida um futuro brilhante e repleto de objetivos e planos, além de conquistas. Mas o fator tempo não possibilitou tal consecução de meus planos. Os valores que tenho acerca de minha vida passam por um processo de revisão sempre que me deparo com situações com as quais não havia lidado anteriormente. Perco-me em um “labirinto” de dificuldades e de conflitos existenciais. As encruzilhadas do existir tornaram-me um sujeito duvidoso e inseguro. Não tenho conhecimento acerca do caminho que devo percorrer. Acabei percebendo que a vida é assim mesmo: uma encruzilhada e um caminho longo que percorremos, mas não sabemos onde vamos chegar. A única certeza que temos e que tenho é que passaremos por essa vida com um pequeno “grão de areia” e que apenas os nossos feitos serão deixados ao longo da vida. A perda de algo ou de alguém traz marcas profundas na vida de outra pessoa. No meu caso, as marcas deixadas foram e ainda são muito profundas, o que torna minha trajetória mais difícil de ser realizada. Uma couraça fora constituída em meu ser, mas preciso romper com a mesma, pois se não assumir meu próprio existir não conseguirei sair da situação em que me encontro desde a morte de meu pai.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fogo vivo de uma vida:

A vida queima como um pavio de pólvora
Esse mesmo pavio possui um fogo vivo
Esse mesmo fogo vivo ascende e apaga
Apaga, pois tudo tem seu fim
Assim, a vida tem um começo e um fim
Mesmo com o risco de se apagar o pavio
Temos que aproveitar cada instante
Assim como se fosse o último ascender do pavio de pólvora
O fogo queima em nossa existência, mas um dia irá se apagar
Mas podemos reascender o fogo em cada instante
Mesmo com as pequenas e singelas ações, atitudes e gestos
Não deixe o fogo vivo apagar sem que ao menos você não tenha feito reascender o fogo
Faça tudo o que você não havia feito antes
Escolha caminhos que não foram traçadas ainda
E, acima de tudo, faça brotar outros pavios de pólvora para que o fogo não se apague
Seja feliz e sempre faça valer a pena cada instante de sua vida e existência

sábado, 11 de junho de 2011

Flores de Fogo:

Jardim cheio de rosas
Rosas vermelhas
Vermelhas como o fogo ígneo
Ígneo como a chama que nasce dos olhos
Olhos com que você me olha
As rosas ardem em brasas e fogo
Viram um presente para teus olhos
Cheio do mais ígneo fogo
Sempre haverá rosas no jardim
O fogo refaz as flores
E você ainda olha essas rosas com outros olhos
Espero que as rosas do jardim onde você passe
sejam vermelhas e de fogo que vc ve com outros olhos

Dia 11-06-11

pessoas que conhecemos:

o mundo é grande
cheio de pessoas singulares
o que eu sinto outra pessoa sente de outra forma
mas o que nos liga uns aos outros
é o sentimento
que brota das relações
então,
somos únicos, mas estamos ligados
somos ao mesmo tempo um só
mesmo estando longe
estamos ligados uns aos outros
dedico esse poema a quem está longe, mas ao mesmo tempo perto

sexta-feira, 27 de maio de 2011

eternidade que não termina

A eternidade vai além de nosso corpo
além de nosso ser corpo, mente e espírito
O que podemos fazer diante do fato de que esperamos a cada segundo, minuto, hora, dia, ano e nada acontece?
a morte é uma espera eterna, apesar de sermos frágeis somos eternos, nos dirigimos para além de nós mesmos. Mas como podemos aceitar a nossa finitude? não aceitamos facilmente nossa condição de espera e de eternidade para além de nosso corpo, tempo, espaço entre outras dimensões de nosso ser. Lutamos contra nós mesmos e contra nossos medos. O temor diante de uma longa espera angustia cada um de nós, mas também nos possibilita nos projetarmos naquilo que fazemos, ou seja, nos dá tempo para sermos humanos. A vida não é fácil para nenhum de nós, mas se pensarmos exageradamente nos problemas que essa mesma vida nos traz, podemos neurotizar, nos angustiar de forma patológica e adoecer no corpo e na mente. As nossas depressões surge como resultado de nossa busca ansiosa por fazer, produzir e construir cada vez mais. Mas essa produção incessante é vazia, pois carecemos de um sentido que mova todo nosso ser e existir. Respondendo à primeira pergunta, não há como fazermos muito diante de nossa espera, pois dependemos de nós próprios para fazer algo diante da vida e da eternidade. Preencher essa "lacuna" entre o nascer e o morrer envolve nos deixarmos levar pelo fluxo da existência não apenas espiritual e mental, mas também corporalmente. Em ciclos que se iniciam, terminam e dão início a outros ciclos, passamos toda a nossa vida produzindo sem sermos nós mesmos, ou melhor, sermos autênticos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Obscuridade

SOMBRAS, SOMBRAS E SOMBRAS
ESCURIDÃO EM MEU OLHAR
A LUZ DESAPARECE
A LUZ DESVANECE
A ESCURIDÃO CONSOME
A ESCURIDÃO ENVOLVE
LUZ, LUZ E LUZ
ONDE ESTÃO AS LUZES?
VEJO O ILUMINAR ENTRE A ESCURIDÃO
A LUZ APARECE
A LUZ ESVANECE
A ESCURIDÃO NÃO ME CONSOME MAIS
A ESCURIDÃO NÃO MAIS ME ENVOLVE
PRECISO VER NOVAMENTE OS RAIOS DE LUZ DO DIA QUE SURGE
A VIDA NOS MOSTRA A AMBIGUIDADE ENTRE LUZ E SOMBRAS
NÃO MAIS PRECISO OLHAR PARA A ESCURIDÃO
JÁ TIVE MEDO DO LADO NEGRO DA VIDA
A SOMBRA DE ALGO QUE NUNCA VI, QUE NUNCA SENTI, QUE NUNCA VIVENCIEI
ESSE MISTÉRIO DA VIDA, QUE ME TRAZ MEDO, QUE VIVENCIO A CADA MOMENTO
ME ATRAI, POIS PRECISO CONTINUAR A CAMINHAR RUMO À VIDA
MESMO COM AS SOMBRAS E A ESCURIDÃO QUE É MEU AMANHÃ

sábado, 14 de maio de 2011

Mercado de Trabalho: Otávio Naves Micheloto.

Já na minha graduação em Psicologia enfrentei problemas para conseguir realizar estágios, entrar em grupos e de aceitação. Me isolei em meu “mundo de livros”, estudei muitas teorias e defini muito cedo minha área de atuação, cínica. Há mais áreas e abordagens em Psicologia. Um “leque de opções”, empresas, escolas, clínica, instituições. Mas já sabia que iria enfrentar obstáculos no meu caminho profissional, não somente por ter deficiência, mas também pelo descrédito atual perante a Psicologia Clínica. Me formei e vi com realmente é um caminho solitário, sem facilidades e com inúmeras barreiras. Mas vejo hoje que minha formação é realmente com esforços pessoais. Empresas não quis por conta das barreiras, concursos pelo não retorno a curto prazo. Iniciei uma pós em Psicodrama para seguir o caminho da clínica, mas não consegui voluntariado para exercer minha prática, pois a lei não possibilita trabalhar voluntariamente em áreas específicas como a minha. Exemplos: psicólogo para trabalhar no hospital das clínicas de minha cidade somente concurso e não através de voluntariado e preenchimento de vagas via concurso para psicólogos já preenchidas.
Posso dizer que meu caminho vai ser por vias particulares, ou seja, pretendo construir um espaço particular para exercer minha profissão. Mesmo sem ser conhecido e ter clientela relativamente fixa, vou “percorrer” e “trilhar” minha jornada no mercado de trabalho. Mesmo estando em situação financeira “relativamente” melhor do que a de muitos com deficiência, acredito que posso realizar meus sonhos e conquistar uma atuação tão desejada. Em termos pessoais, vejo que também restringi muito minha área de atuação, mas muitos nem escolheram um caminho. Na rede pública é inviável conseguir cargos, pois gastaria muito tempo para ter retorno e a lei das cotas não benéfica pessoas com deficiência na prática, o que é complicado para mim. Além disso, os salários são baixos e irrisórios. Já na rede privada, pelas cotas poderia conseguir, mas não seria na linha que escolhi para atuar. Então, prefiro correr os riscos e seguir sozinho. O mercado de trabalho no campo das deficiências, para mim, acaba refletindo a constituição social de aspectos como exclusão, desinteresse, negligência, descaso entre outras atribuições que acabam dificultando a verdadeira inserção no “mundo profissional”. Não tenho a quem recorrer quando preciso de indicações para conseguir um emprego. Não me considero socialmente influente e vejo que esse aspecto pesa muito quando se fala no campo profissional, apesar dos rótulos e da “camuflagem” que vejo nos discursos sociais sobre trabalho e atuação profissional.
Quando paro e penso no que conquistei e ainda vou conquistar, me encontro diante de encruzilhadas e incertezas perante o que enfrentar, aos desafios profissionais e os percalços do “mundo do trabalho”. Enfrentei dificuldades recentes, pois não consegui emprego em uma escola de ensino infantil. Não fui atrás dos motivos e nem me informaram dos mesmos. Mas posso concluir que supostamente o fato de eu ser cadeirante foi um dos motivos de não ter conseguido o cargo. Mas vou continuar minha trajetória profissional mesmo com esse fato que ocorreu. Posso não entender muito de inclusão, lei de cotas, mais sei que a nossa sociedade precisa mudar. As próprias empresas não reconhecem o tanto que a participação de minha classe pode ser benéfica para ambos, patrão e pessoas com deficiências. A mudança deve partir não somente das pessoas e de suas atitudes, mas de diversos mecanismos legais, da estrutura social e principalmente das empresas tanto públicas como privadas. Pois só assim é que conseguiremos nos realizar profissionalmente e pessoalmente.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Rótulos do mundo atual

O mundo pósmoderno é caracterizado por um fluxo cada vez mais frequente no que diz respeito à informações,idéias, produtos e demais atividades humanas. Mas apesar
de haver esse mesmo fluxo cada vez frequente, vivemos em um mundo em que as informações se tornam rótulos ao invés de possibilitarem a liberdade, criatividade espontaneidade do humano em vários aspectos de seu ser. No passado, as pessoas comuns eram rotuladas de diversas formas. As "bruxas" e "feiticeiras", os "leprosos" e os "loucos" eram os principais rotulados das eras medieval e moderna. Aquela pessoa que não correspondia aos padrões e determinações sociais era rotulado conforme padrões, normais e leis que circulavam no fluxo de informações. Atualmente, tem-se o "ansioso", "depressivo", "neurótico" entre outras formas de se rotular as pessoas. Estas são seres-no-mundo que trazem suas experiências e vivências singulares. Mas o que se vê com frequência são as próprias determinações e limitações da liberdade, criatividade e espontaneidade. Autores de uma psicologia experimental (positivista), seguindo padrões estabelecidos pelas ciências físicas-naturais. "Remédios, pílulas da juventude, ritalinas da vida além dos anti-depressivos" são cada vez mais expostos em um mundo em que a ciência racionalista domina. O que podemos pensar e refletir diante dessas tidas fórmulas de "cura" dos males que a sociedade moderna trouxeram?
Limitando a liberdade do ser humano, trazendo efeitos prejudiciais à totalidade que é o ser humano (mente, espírito, corpo, aspectos sociais e culturais) e trazendo alívio temporário ao mal-estar, à angústia e ao enfrentamento de uma sociedade excludente, massificadora e estigmatizadora são alguns efeitos ocasionados pelo desenvolvimento de nosso tempo. Nos esquecemos de nosso papel de sujeitos ativos, críticos e que entram em contato com o mais íntimo de sua subjetividade. Ainda persistem as mesmas estruturas deterministas, mas com uma roupagem nova, ou seja, os novos rótulos encobriram os antigos e o produto final é o mesmo de um mundo dominante. Somos seres não apenas individuais, mas estamos em relação o tempo todo com o nosso mundo. Buscamos um sentido para nossa existência, mesmo com as perdas com que lidamos diariamente. Mas parece que as atividades tão humanas estão se perdendo. A televisão e outros meios de comunicação determinam para nós esse mesmo sentido. As aspirações últimas do ser-humano não mais estão presentes, pois basta escolher o caminho do "bem" ou do "mal" das telenovelas, dos filmes de grande bilheteria e dos prozacs e ritalinas da vida. Onde está o outro com quem e o mundo em que nos relacionamos?
Os diagnósticos dos psiquiatras e a aplicação de testes, além do consumo cada vez maior de medicamentos tornam difícil pensar no outro e no mundo ao nosso redor, pois pensamos mais em nossa problemática existencial individual e particular. O sujeito se constrói em relação com o mundo e o outro, não apenas isso, o mundo e o outro também são constituídos em relação com esse mesmo sujeito. Na pós-modernidade, esqueceu-se dessa co-construção e relação fundante do ser. Temos um constituição originária que nos funda, mesmo vivenciando experiências singulares, a nossa estrutura fundante é a mesma, universal e comum a demais indivíduos. Mas também esquecemos que o nossa essência e o nosso existir dependem de nossas escolhas. Escolhas estas que devem ser responsáveis e que trazem uma angústia existencial necessária para o nossa constituição enquanto seres-aí (que foram "jogados" no mundo). Angústia que possibilita ao humano uma abertura para a vida.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bin Laden morreu? será?

escrito por por Sandro Eduardo Rocha Aguiar em www.webartigos.com

Essa história de querer ser o bam bam bam da política internacional
vem sendo na verdade uma grande “máscara falsária”. Os Estados Unidos, através de seu porta voz máximo, o presidente Obama admite ter assassinado com suas tropas no Paquistão o terrorista da Al Qaeda Osama Bin Laden, sem prévia explicação e sem algum indício convincente, como o cadáver do mesmo, que segundo o presidente jogara no mar, por questões religiosas.

Assim pode-se perceber a guerra política e a disputa pelo poder, e questionamentos são colocados como: onde está o corpo do terrorista? Não houve acordo entre EUA e Osama Bin Laden? E porque só agora atacaram e assassinaram Osama Bin Laden, sabendo-se da sua existência em uma mansão no Paquistão?

Questões levam a crer que os EUA estão acobertando Osama Bin Laden, devido o mesmo saber demais politicamente dos “podres” americanos. Eis o medo não apenas do conhecimento político de Osama, mais sim por entender na não credibilidade e desvalorização do presidente americano nos envolvimentos políticos mundial.

De fato, a tragédia de onze de setembro nos Estados Unidos foi marcante pela maldade praticada e suas conseqüências (3 mil mortos), é desumano tocar neste assunto, pelo motivo fútil que milhares de pessoas morreram pela guerra de poder e orgulho.

A sociedade não deve pagar pela ganância, orgulho, despreparo, luxúria, avareza, ódio, repúdio, ingratidão de governantes e políticos que utilizam o poder dado pela população para enfrentar e ignorar seus inimigos.

Os políticos devem estar presentes, tratar acordos passivos e acima de tudo olhar pelo bem estar da sociedade. Quem não deve, não teme!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Instante

"Nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante. Esta dificuldade é dor humana. É nossa" Clarice Lispector

Difícil para mim é lidar com o que ocorre comigo neste instante, o que sinto no momento presente e atual, o que penso na hora presente, o que desejo agora.
Me imagino no futuro e penso no passado. Tudo flui ao mesmo tempo dentro de minha mente e meu espírito. Como posso me livrar do que fui e ao mesmo tempo não imaginar o que oorrerá comigo no futuro? Vou manter-me nesse fluxo temporal que é minha eternidade. Viver o presente é entregar-se às sensações que agora surgem no fluxo temporal em que me encontro. Percebo ao sentir cada instante de minha vida. Cada instante é um passado, presente e futuro, tudo junto ao mesmo tempo. Por isso, fluxo temporal. Como voltar minha atenção ao mundo-da-vida, da experiência cobcreta e imediata, como diz Hussserl? Devo partir da intuição que tenho de minha vida e dos diveros momentos. Cada percepção de minha "vida intencional subjetiva" é parte de uma percepção de um mesmo objeto ou coisa. Minha mente deve reunir tudo que percebi e trazer para esse momento que me encontro. É tão difícil trazer tudo para este instante. Saindo de tanta teoria, como me entregar às sensações de meu corpo e do mundo é uma tarefa complexa, mas desafiadora. Cada linha entrelaçada de meu ser se permeia no fluxo temporal e formam o momento presente e o que agora sou.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mundo e eu diante do mundo

" O mundo: um emaranhado de fios telegráficos em eriçamento. E a luminosidade no entanto obscura: esta sou eu diante do mundo" Clarice Lispector

Sou um sujeito que vive na escuridão, mas busco a luz.
Sou um humano que nasce no emaranhado, mas busco desenlaçar os fios do mundo.
Sou um homem iluminado, mas busco as cavernas e grutas escuras para ficar sozinho
comigo mesmo.
Cada entrelaçado de fios teleféricos pode ser desenriçado, produzindo um sentido que faz do mundo o que ele é.
da desordem dos fios eriçados surge a ordem emaranhada do mundo.
Sou como a luminosidade obscura.
Sou como essa ambiguidade de ser uma luz e uma sombra
Fios entrelaçados que estão em eriçamento e que podem ser desenrolados
Assim é meu mundo.

Sentido e pulsação

"Esta é a vida vista pela vida. Posso não ter sentido mas é a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa" Clarice Lispector.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Comentário Necessário

Hoje, dia 12-04-2011
li um artigo no jornal Correio de minha cidade. Nesse mesmo artigo, um colunista que afirma ser contra a lei das cotas e da isenção de estacionamento, meia entrada para deficientes, idosos e outras pessoas com necessidades especiais, traz argumentos, que segundo seu ponto de vista, correspondem à opiniões pessoais mais do que verdades comprovadas na prática. Chega a comentar que as leis de benefício contribuem para uma segregação ainda maior com relação às classes desfavorecidas.
As instiuições estatais criam leis com o intuito de garantir que necessidades, interesses, direitos básicos entre outras garantias sejam oferecidas a aqueles a que a vida não ofereceu oportunidades. Como deficente, sinto "na pele" o preconceito e não cumprimento das leis de acessibilidade. Há lugares que não consigo vagas para estacionamento. Mesmo havendo leis, não há garantias totais. Isso tanto é verdade quando vou ao shopping e tenho que pagar por uma vaga especial que nunca está desocupada. Essas situações desestruturam o nosso psiquismo, nos frustram e angustiam e nos fazem sentir impotência diante de uma sociedade global, capitalista, segregacionista e estigmatizadora. O que nos resta é buscar mecanismos legais que impelem, de alguma forma, o cumprimento dessas garantias. Afinal, somos cidadãos, pagamos impostos e consumimos!!!!
Sou a favor das leis de cotas, insenção e de meia entrada, mesmo com as falhas, mas como meio de termos nossas garantias enquanto sujeitos de direitos. O que pretendo expor aqui é a seguinte questão: Se não há um acordo e consenso diante da criação e implementação de mecanismos legais, o que poderia ser feito em termos palpáveis por aqueles que lutam por direitos?
Não precisa responder, mas pensar a respeito desse tema é importante. A vida já não é tranquila para os deficientes e outras minorias, retirar o que mantém um pouco de tranquilidade para nós é uma opção correta?
Somos sujeitos históricos, situados no mundo, cumpridores de deveres e que os direitos básicos devem ser garantidos. Somos construtores de nossa história, cultura e sociedade, ou seja, todos somos e deveríamos ser tratados com igualdade de oportunidades. Na prática não é bem assim. O preconceito é antigo na realidade humana, apesar dos avanços ainda é forte e está presente não apenas em aspectos físicos, mas também no campo afetivo,emocional e relacional(atitudes, comportamentos e ações). O que devemos entender é que se não há outro meio de mudar nossa sociedade, que seja pela aplicação das leis e dos mecanismos estatais.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Trivialidades

Um momento entre outros que surgem ao longo de nossas vidas
Um momento entre outros que fazem parte de nossas vidas
às vezes sinto-me vazio, sem perspectiva de sentido
A trivialidade de minha vida me angustia
de tal forma que não suporto a mim mesmo
Espero sair do trivial e buscar novos sentidos, novos rumos e sair de minha angústia
Um momento entre outros que desaparecem na medida em que não suporto meus momentos de loucura
Afinal, de louco temos um pouco não é?
Mas enlouquecer demais não suporto
Espero sair dessa imensa maré de desatinos da trivialidade
Desatinos que não vão mais me sufocar
não vão mais me fazer perder meu rumo
mas que ainda não sei como percorrer e traçar
pois a vida também se faz pela deriva e angústia e por meu desassosego
meu rumo vou tomar após aceitar esses caminhos tortuosos da trivialidade
aceitar a deriva e a angústia, além do desassosego
não é fácil lidar comigo mesmo, com a minha trivialidade
pois tudo isso me sufoca dentro de meu íntimo
preciso respirar novos ares, desvendar outras marés e sair de minha trivialidade
Em um movimento contínuo e eterno se faz o caminho que escolho seguir
o final desse caminho ninguém sabe qual é
nem mesmo eu sei como alcançar
tudo me é estranho e duvidoso
tudo me é trivial
espero alcançar novos caminhos além da trivialidade
o que esperar de mim agora?
o que esperar da vida agora?
o que esperar dos outros agora?
escapar da mesmice do cotidiano
da repetição da vida
da mesmice da vida
e da rotina da ser trivial

sábado, 26 de março de 2011

o que espero de mim

Sou um sonhador
um eterno sonhador
Espero encontrar algo
mas nunca encontro
Sou um lutador
um eterno lutador
mas nunca sei pelo que lutar
Espero o destino me encaminhar
mas temo viver a intensidade de cada momento
Eu nunca beijei, abracei e me deixei ser abraçado
Sou um pensador
um eterno pensador
mas me perco em meus pensamentos
Estou em um beco sem saída
medos, ansiedades e angústia
desejo assumir cada risco da vida com alguém
Sou um amante platônico
isso eu sei
mas me torturo com o fato de não ter experimentado um pouco do prazer e do contato
com uma mulher que me faça feliz
Sou um aspirante à vida
mas o que espero de mim neste momento?
Tudo o que não me permiti sentir, ser, ver, almejar?
posso não entender de Drummond, Machados e afins
mas quando sinto é para valer
cada instante desejo ser mais humano por inteiro
teorias e técnicas não me fazem responder sobre o que eu quero para minha vida
Preciso parar de me esconder e minhas teorias, livros e pensamentos
Afinal? Não sou um Homem?
Cansei de mentiras
Sou um livro aberto
Sinto-me, muitas vezes, impotente, fraco e pequeno
mas preciso encontrar forças para continuar
quem quer me ajudar a encontrar o que anseio?
Sou um sonhador
um eterno sonhador
Espero encontrar algo
mas nunca encontro
Sou um lutador
um eterno lutador
mas nunca sei pelo que lutar
Espero o destino me encaminhar

quarta-feira, 9 de março de 2011

Doença Mental: Uma construção social e um estigma do sujeito.

Ao longo do desenvolvimento da sociedade, diversas explicações foram dadas com relação a fenômenos, condutas ou comportamentos que se diferem de padrões socialmente aceitos. Na idade média qualquer conduta contrária aos ideais da religião era considerada como um ato ou uma manifestação de heresia ou de feitiçaria. Era atribuído ao sujeito um papel social de feiticeiro, pelo simples fato desse mesmo indivíduo se comportar de uma forma divergente com a ideologia social e religiosa que fora instituída em determinado grupo. O que as pessoas sempre buscam não é o fato de existir ou não doença mental ou atos de feitiçaria, mas possíveis explicações causais para essas condutas que sejam boas e ações que realmente suprimem aquilo que está em desacordo com a ideologia social de um grupo.
Notícias da televisão e de quaisquer outros meios de comunicação em massa mostram como a sociedade atual lida com o termo “doença mental”. Estigmas sociais e papéis atribuídos a sujeitos de classes mais baixas do ponto de vista econômico e social são utilizados como uma forma de se tentar explicar quais os motivos para os comportamentos e condutas que estão em desacordo com a ideologia dominante da atualidade. Casos de crimes como os que foram mostrados nos noticiários de televisão ilustram a atribuição do termo “doença mental” ao sujeito e o uso desse mesmo termo como justificativa para os crimes cometidos.

Thomas S. Szasz (1977, p.22), diz que “na realidade, as disputas mais emotivas tanto na ciência quanto na religião têm-se centralizado não no fato de determinados acontecimentos serem ou não reais”. Mas no fato acerca da veracidade das explicações acerca desses comportamentos e condutas e das supressões dos atos de doença mental que sejam eficazes e boas conforme a ideologia social dominante. Há um paralelo ao longo da história entre o conceito de feitiçaria e heresia e o de doença mental. No período do fim da Idade Média, a igreja trazia uma ideologia que se fosse contestada pelos sujeitos levava a cabo uma série de práticas que eram consideradas formas de salvação da “alma” e remissão dos pecados divinos. Era atribuído o papel de feiticeiro a pessoas que praticavam a tidas “bruxarias” ou “práticas de feitiços”.
Havia pessoas que intitulavam “feiticeiros” mesmo com as atribuições que eram dadas aos “hereges” ou sujeitos contrários aos princípios religiosos dominantes.
Na sociedade moderna, surge o conceito de doença mental que se constitui como sendo um conceito semelhante ao de feitiçaria, mas que viera para substituir as explicações religiosas para as ditas formas de estar no mundo repudiadas, reprimidas e suprimidas pela ciência, em especial a Medicina e suas práticas em termos de psiquiatria institucional. A atribuição do termo doença mental surge como um mecanismo de poder e controle social referente ao comportamento humano e às formas de agir, ser, pensar ou sentir distoantes do que é considerado “normal”. Em termos práticos, percebesse que as atuais instituições ou órgãos públicos que lidam com a questão da saúde mental, em suas práticas, acabam reproduzindo o discurso social dominante de “cura” de transtornos mentais e de medicalização do “doente mental” e de supressão dos sintomas das doenças mentais.

terça-feira, 1 de março de 2011

Divisa

Mais importante do que a ciência é o seu resultado,
Uma resposta provoca uma centena de perguntas.
Mais importante do que a poesia é o seu resultado,
Um poema invoca uma centena de atos heróicos.
Mais importante do que o reconhecimento é o seu resultado,
O resultado é dor e culpa.
Mais importante do que a procriação é a criança.
Mais importante do que a evolução da criação é a evolução do criador.
Em lugar de passos imperativos, o imperador.
Em lugar de passos criativos, o criador.
Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos
e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos
para colocá-los no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos
E tu ver-me-às com os meus.
Assim, até a coisa comum serve o silêncio
E nosso encontro permanece a meta sem cadeias:
O Iugar indeterminado, num tempo indeterminado,
A palavra indeterminada para o Homem indeterminado.

Por Jacob Levy Moreno

Publicado em Viena, 1915.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Percepção

A nossa existência é repleta de estímulos. uns são percebidos com facilidade outros nem tanto. Sentimos com apenas uma parte de nosso ser e de nossos sentidos os objetos que nos rodeiam. Abra-se a nossa frente uma campo de "coisas" que podemos ou não tomar consciência em determinado momento. Nosso corpo se relaciona intimamente com o mundo e com os outros que nos rodeiam. A relação Eu-mundo-outro nos caracteriza como seres no mundo. Ao mesmo tempo em que modifico o mundo a meu redor, esse mesmo mundo traz elementos que possibilitam o nosso desenvolvimento e a constituição de nossa essência como homens livres e responsáveis. Nos relacionamos com as outras pessoas que nos rodeiam. O outro possui para minha existência um papel fundamental, pois assim como o mundo, esse outro ao mesmo tempo em que se constitui enquanto ser-no-mundo, me possibilita a constituição de uma essência e existir enquanto sujeito. Somos seres relacionais, que utilizam sua percepção nas relações com a realidade que nos cerca. Apesar de nascermos e morrermos sozinhos, nos relacionamos o tempo todo com as outras pessoas, o que nos possibilita estabelecermos nosso campo perceptivo. Como diz Merleau-Ponty, os objetos que surgem em nosso campo perceptivo são objetos para nossa consciência, pois tomamos consciência da existência desse mesmo objeto.
Durante muito tempo acreditou-se que a percepção consistia em simples processos fisiológicos em que um estímulo era captado em um receptor e transmitido, chegando a um centro de registro que estava localizado no cérebro. Com o decorrer do tempo, surge um intelectualismo que considera a percepção como resultante de processos de pensamento e reflexão e não da simples conexão neural de estímulos feita pelo organismo. Ambas concepções falham ao considerar apenas um fator no caso da percepção. A retomada aos fenômenos como surge à consciência antes de qualquer reflexão traz para a a compreensão e entendimento de percepção. Tanto o fisiológico como o intelectual são aspectos importantes para a percepção, mas o mais importante é saber que esta é mais do que esses dois aspectos, pois corresponde a meu relacionamento com o mundo e com os objetos e pessoas que surgem em nosso campo perceptivo. O fenômeno que surge em nosso campo percetivo é anterior a qualquer pretenção científica ou reflexão e especulação do pensamento. Voltando às coisas-mesmas, fazemos uma redução fenomenológica e percebemos como realmente a nossa realidade funciona. A nossa consciência se amplia para captarmos os fenômenos com todas as suas nuances, qualidades e aspectos distintivos. Não devemos nos esquecer que o nosso corpo também está imbricado no relacionamento com o mundo, já que percebemos a nossa realidade não somente com nossa mente, mas com todo o nosso ser, inclusive nosso corpo que é mais do que um feixe de nervos e uma máquina com simples reações automatizadas. Também não usamos nossa mente sem que o nosso organismo faça sua parte. Na verdade, somos uma totalidade: física, psicológica, cultural, social e histórica. O nosso corpo também corresponde a essa totalidade. Reagimos às situações específicas também com nosso corpo. Muitas vezes nos esquecemos de que a nossa existência como seres-no-mundo também é corporal, o que traz consequências não desejadas, pois somos limitados do ponto de vista corpóreo, mas não em termos de transcendência.
A percepção se relaciona a uma atitude do corpo em que a apreensão de sensações se faz através desse mesmo corpo. Trata-se de uma expressão criadora que se constitui através de diferentes olhares sobre o mundo. Sentimos, olhamos e reconhecemos o espaço como expressivo e simbólico através de nossa percepção. Nesta há um processo em que o mundo sensível se relaciona ao mundo expressivo através de uma trajetória perceptiva. Resumindo, podemos compreender que a percepção não corresponde a um processo fisiológico pura e simplesmente, mas a um círculo em que o sensório motor é envolvido com uma unidade dinâmica. O organismo atua no sentido de fazer com que o sistema seja modificado, o que gera distintas possibilidades de respostas. A relação entre o sistema aferente (inicialmente transmissor de estímulos) e eferente (inicialmente processador de estímulos que se tornam respostas) é modificada e torna-se circular na medida em que se desenvolve uma teoria fenomenológica da percepção.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sentidos

Hoje acordei pensativo e apreensivo sobre o caminho que irei percorrer daqui para frente em minha vida. Mais um ciclo em minha existência se completa neste dia que me encontro. Fiquei vários dias sem sair de minha casa, o que me fez pensar o quanto é importante mudar de ambiente e de rotina. Fui numa casa de shows assistir a um concerto de rock, uma situação até comum para um cara de 25 anos como eu. Mas fiquei intrigado com o fato de que havia outras pessoas com deficiência na mesma casa de show. Percebi como a vida pode ser experimentada, vivenciada e melhor aproveitada.
Esses pequenos momentos mostram para nós que a vida é mais do que ficar em casa e usar o computador, conectar à pessoas na internet. Ou seja, a vida deve ser vivida com intensidade e sem que possamos esperar que as coisas ocorram, pois devemos fazer com que nossa existência se desenrole. Simplesmente esperar que as pessoas venham, que nos seja oferecido um trabalho e que uma companheira surja em nosso caminho. Devemos escolher, nos responsabilizar pelas escolhas e tomarmos uma atitude diferente diante das perguntas que a vida nos faz. Vejo que tenho que mudar muito ao longo de minha vida. Preocupo-me com aspectos insignificantes e com pequenos atos e atitudes sem importância para meu existir, o que traz sofrimento. Perdi meu pai faz quase dois anos e desde então perdi o sentido de minha vida, mas não totalmente, apenas estou um pouco à deriva.
Mas como o decorrer do tempo, principalmente nesse dias de grande mudança, venho refletido mais e visto que posso mudar minha vida e meu destino, pois sou capaz de fazer minha estória com os passos que eu mesmo posso dar e através das minhas escolhas, pois somente eu, Otávio, posso encontrar com um único sentido em minha vida. Ainda não sei qual esse sentido, mas devo dar o primeiro passo. A alegria que vivenciei ontem me fez ver a vida com outros olhos, aqueles olhos das outras pessoas que assistiram ao show no mesmo local. A felicidade que observei quando os fãs da banda de rock gritarem nome de músicas me fez sentir-me animado e com forças para dançar e gritar também. Momentos assim são simples, mas nos revelam muito, pois nos remetem ao fato de que somos humanos e que podemos nos deixar experimentar e vivenciar a vida de uma forma diferente mesmo que haja medos, ressentimentos e angústias. Minha trajetória ao longo da vida continua e sei que posso ser mais maduro como homem, adulto e sujeito que sou.
Estou convivendo de forma diferente com as pessoas que fazem parte desse novo ciclo que se inicia hoje. Às vezes, desentendimentos, brigas e discussões entre eu e minha mãe ocorrem, mas o nosso relacionamento está melhorando, pois a morte de meu pai me fez alterar meus valores de aceitação, criação e atitude. Viktor Frankl me ensinou muito bem que mesmo com as adversidades da vida podemos mudar nossa atitude diante do inevitável e dos fenômenos naturais da vida. A minha aceitação diante do fato de ter que assumir minha maturidade e conviver com o novo companheiro que minha mãe escolheu me torna um pouco mais feliz, alegre e tranquilo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Como estou

Acordei após uma noite um tanto complicada. Durmi pouco, pois passei a noite com dores no corpo e com desanimo, além de falta disposição Esses dias não foram muito fáceis para mim, pois venho entrando em conflitos interpessoais com facilidade, o que me faz sofrer física e psicologicamente. Recentemente fui diagnosticado com apresentando um quadro de retocolite ulcerativa. A explicação do médico foi que o emocional me levou a sofrer uma hemorragia anal que caracteriza a retocolite ulcerativa. Posso ser teimoso, tenso e exigente, mas desconfiei da resposta de meu médico para o problema que eu venho apresentando. Tenho discutido muito com as pessoas ao meu redor e essas discusões afetam meu corpo e meu aspecto psicológico e espiritual. Acredito que não é apenas um fator isolado, mas uma multiplicidade de fatores que me levaram e ainda me levam a apresentar reações corporais. Mas ainda não compreendo muito bem o que me faz reagir de forma tão dura diante de certos comentários acerca de minha pessoa. O que devo concluir sobre o que vem acontecido comigo é que preciso desenvolver e aprimorar minha capacidade de escuta sem que eu precise defender minha posição e veja a necessidade de ter que discutir para defender esse mesmo ponto de vista. Não é fácil para ninguém aceitar críticas, principalmente admitir falhas, deslizes e imperfeições. Espero conseguir acordar do pesadelo que estou vivenciado, sair da profundidade de meus problemas e ser feliz e sem dores na alma e no corpo rsrsrs. Enfim, escrevo aqui para desabafar e mostrar o que estou sentindo.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Livro Todos os Homens são Mortais




Estou lendo um livro que me faz refletir sobre minha vida e existência. Simone de Beauvoir em seu livro “todos os homens são mortais”, conta a trajetória do conde Tosca, um homem imortal cuja vida é marcada por inúmeros acontecimentos que não aconteceriam se esse mesmo personagem fosse um “simples mortal”. Nascido em Carmona, um vilarejo da Itália, Tosca vivencia a guerra, glória, pompa, riqueza e decadência do ser-humano. Ao beber o elixir da vida eterna, Tosca inicia toda uma trajetória de imortalidade representada por uma vitalidade inicial, pois esse homem, agora imortal, deseja conquistar tudo que se encontra disponível: o controle de Carmona, as mulheres que poderiam lhe dar filhos, as riquezas materiais entre outros aspectos que um homem mortal não poderia entrar em contato ao longo de sua curta vida.
Mas com o tempo, a peste se alastra, pessoas vão morrendo, inclusive as mulheres e os filhos do protagonista e a vida de um imortal torna-se vazia, sem sentido, repetitiva e se, grandes feitos, já que o tempo passou e Tosca não envelhecia e nem apresentava traços do processo da morte e do morrer. A personagem principal, inicialmente desperta o interesse de Régine, uma jovem atriz que vivencia cada momento de sua existência da forma mais intensa possível. Ao revelar que Tosca era imortal, ninguém acreditava em suas palavras. Mas Régine resolve ouvir a trajetória de Tosca, desde os tempos imemoriáveis (por volta do século XIII) até o momento em que estivera próximo dela. Tosca era um homem que não sabia como era ser um mortal nem como viver como mortais. Acostumado com o poder, glória e riqueza, foi chamado de tirano por muitos que o viam também como um “morto”. Seu sonho era conquistar o vasto mundo, incluIgreja sive outras terras, pois para si, esse mesmo mundo era tão vasto que deveria ser desbravado por Tosca. Este parte de uma região a outra, desde Carmona até as terras da Alemanha, países ibéricos, Espanha, as terras das Índias onde não havia tantas riquezas como em outros tempos. Esteve junto a governantes e viu pessoas importantes serem mortas por defender suas idéias com “unhas e dentes”.
Tosca preferiu não defender um ponto de vista religioso ou postura específica, estando em contato com o avanço da igreja luterana na Alemanha, os rechaços do Catolicismo e as pregações das ceitas pagãs. Mas nenhuma dessas posturas religiosas distintas o convencera, o que o faz não adotar um ponto de vista particular. O que intriga Tosca é a forma como os mortais levam sua vida já que anseia por ser um homem mortal, coisa que as pessoas mortais em que esteve em contato não desejam mais ser. Morrem muitas pessoas, mas Tosca diz que outras pessoas surgiriam e tudo voltaria a ser da mesma forma, o que era normal para quem nunca fora um sujeito comum. Percebi certa ambiguidade no fato de Tosca ser imortal, fazer muito ao longo do tempo e desejar conquistar o mundo, mas não estar satisfeito com sua condição, desejando se tornar mortal. Ainda preciso terminar de ler para saber como essa relação ambígua vai se desenrolar, já que havia momentos em que a imortalidade levava Tosca a se aventurar pelo mundo. Nós seres humanos mortais, mesmo aprendendo continuar a viver e lidar com a morte, desejamos, ansiamos e esperamos que a imortalidade seja nosso caminho. Essa mesma relação ambígua, no caso de Tosca, era inversa, já que apesar do vigor, da força e da vida “brotando” indefinidamente de seu ser, sente-se sozinho no mundo, vendo todos em suas vidas comuns, frágeis, efêmeras e que se exaurem rapidamente. Não se conforma com a sua existência eterna, mas não pode fazer muito quanto a esse aspecto. Para mim o seu caso se parece com o nosso, mas de outra forma, pois não podemos fazer muito frente ao inevitável fim de nossa existência e Tosca que se encontra prisioneiro de sua infinita vida.
Ao ver que a riqueza, o poder e a vida imortal não traziam nenhum sentido, Tosca inicia uma jornada sem rumo e caminho, levando-o a lugares que outras pessoas jamais conseguiriam chegar através de esforços físicos. Cruzou rios, montanhas, nevascas, vastas florestas, mas via sempre a mesma vida que existira antes. Não havia novidades nem maravilhas por serem descobertas, mesmo com todas as viagens, seus perigos e conhecimentos adquiridos no decorrer das aventuras, Tosca sabia que tudo seria igual, do mesmo jeito e sempre “a mesma coisa”, sem mudanças significativas ao ponto de fazer com que o protagonista encontrasse um motivo para continuar a existir como um ser-no-mundo que todos somos. O cotidiano não proporcionava uma vida mais tranqüila para tosca, pois toda e qualquer realização já havia sido feita e todo e qualquer projeto já havia sido concretizado inicialmente e destruído pelas demais pessoas que eram mortais. A consciência de ser finito e passível de morrer era o que o protagonista buscara e nunca encontrara definitivamente.
Um dos aspectos iniciais do livro que chamaram a minha atenção corresponde ao fato de que Tosca ter formado muitas famílias, mas estar sempre sozinho e sem companhia, pois não morrera antes de seus herdeiros. Temia perder seus entes queridos, mas não podia fazer muito também quanto a esse aspecto. Tosca precipitou-se ao ingerir o tal do “elixir”, mas já não poderia fazer mais nada para evitar o que lhe acontecera. Viu seus primeiros entes morrerem na peste, os outros nas guerras, mesmo que tentasse isolá-los do mundo e dos conflitos, questões existenciais e da vida de forma geral. Considero muito complicado lidar com o fato de que um pai ou um marido ver seus filhos e suas mulheres morrerem e não poder fazer quanto a esse fato que já se encontra consumado. Somos prisioneiros de nossa finitude e Fosca se encontra atrelado a eternidade, ou seja, não há caminho para ambos.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Aceitação da vida como ela é 2

Lançados no mundo, nos sentimos reféns de nós mesmos em nossas incertezas, dúvidas e questionamentos. O que escolhi para minha vida trouxe conseqüências profundas para todo meu ser. Perdi amigos, colegas, pessoas especiais, minha saúde foi prejudicada e minha motivação foi reduzida. Não reclamo dos desígnios do transcendente, mas encontro barreiras que consideram ser intransponíveis, mas que criei em meu pensamento.
De forma concreta, vejo-me um iniciante em termos de aceitação da vida como é, sendo que estou aprendendo a fazer, a ser e agir diferentemente daquilo que sempre fui. Sinto-me fraco, impotente e com dificuldades de me tornar um ser que não sou e nunca fui. O que me agrada são os livros, os filmes e outras coisas que a grande maioria das pessoas nem se quer valorizam. Mas de que adianta gostar dessas coisas se o mundo é mais do que uma simples frase, trecho de livro e uma cena de filme que me contagia e marca minha existência? Não conheço a verdadeira realidade da vida, muitas vezes não aceito essa mesma realidade, julgo-a, pressuponho falsas verdades e de que isso adianta? Tenho fé e esperança de melhorar, mas sinto-me perdido e sem rumo perante o mundo que me assusta, me amedronta e em que me perco e estou jogado.
Estamos todos destinados à liberdade e à sensação de solidão, pois nascemos e morremos sozinhos, disso não há como fugirmos, mas aceitar é outra estória. Precisamos aceitar nossas limitações, pois se não o fizermos, estaremos condenados ao sofrimento existencial exagerado e com proporções avassaladoras. Sofrer faz parte da vida, mas sofrer demasiadamente nos impossibilita de sermos felizes e vivermos a vida como realmente é. Esqueçamos os defeitos, as limitações de nós mesmos e dos outros, pois somos humanos e erramos, sofremos, rimos e choramos, enfim, somos seres-no-mundo e livres.

Aceitação da vida como ela é

Diante de uma vida de incertezas, medos, anseios e preocupações o que devemos fazer para termos mais aceitação da vida como realmente existe para nós? Pergunta esta que não se cala, principalmente em uma sociedade em que nenhum caminho nos é oferecido previamente. Vivemos cada vez mais em um individualismo, em uma busca frenética por espaço em mundo competitivo e em uma auto-exigência que nos destrói, corrói por dentro e nos impede de aceitarmos o que a vida nos oferece enquanto realidade. Depois que saímos de etapas importantes de nossas vidas, sentimos uma sensação de vazio, não porque falhamos em nossas produções, na consecução de objetivos. Mas porque achamos que já fizemos muito e falta muito mais para ser realizado.
Não nos contentamos com o que já conquistamos e exigimos ter aquilo que se encontra muito distante de nossas possibilidades. Somos seres impacientes, queremos respostas dadas e prontas para quaisquer problemas, conflitos e questões existenciais que nos cercam. Digo isso, pois estou vivendo um período de mudança muito grande em minha vida. Estou tentando aceitar a vida, ser paciente e romper com meu “casulo”, mas torna-se muito difícil romper e árdua a tarefa de aceitar o que me está sendo possibilitado nesse momento em que me encontro na minha existência. Procuro, mas não encontro o que tanto desejo e anseio conquistar. Também qual o sentido de conquistar algo? Me questiono o tempo todo, mas não sei qual resposta se encaixa nesse ciclo vicioso de viver minha própria vida. Somos todos “dúvidas ambulantes” procurando uma resposta no mundo e nas demais pessoas.
Não encontramos as respostas, o que nos torna mais duvidosos. Penso na palavra Angústia, mas acabo me angustiando mais. Digo que quero me relacionar com pessoas de meu nível intelectual. Mas qual o sentido de se ter o que não posso obter? A cada passo para frente acabo dando dois para trás com medo e receio de sofrer, me humilhar e ser suscetível de sofrer de angústia. Mas uma necessidade atinge todo o meu ser em me impele para buscar o mais difícil, o quase impossível e perfeito. Mas ora, imperfeição faz parte de ser humano. Não há como eu querer atingir o máximo grau de perfeição em meu existir. Somos humanos que desejam ir além de nós mesmos, mesmo que isso nos custe o nosso ser, nosso ânimo e nossa existência.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sopros de uma nova vida

Sopra, sopra vida
Sopra como uma brisa de vento que chega a minha face
Minha face branca, frágil, finita.
Minha face desconstruída pelas areias do tempo.
Reconstruída por novos sopros e ventos
Um paradoxo vem a minha mente:
Dois sopros que se cruzam.
O sopro do passado que me empurra para trás
Me mostra como era minha face em tempos passados.
O sopro do futuro que me joga para a vida e suas possibilidades.
Cada vento, cada sopro bate em minha fronte e qualquer momento
Fico a deriva, com o rosto pálido e fraco.
Assim é a vida
Cada passo parece nos empurrar para trás ou para frente.
Perdemos para ganhar no final e ganhamos para perder o que tivemos, o que fomos e o que seremos.
Vento! Sopre em minha face todo o tempo que ainda não foi, poderia ter sido ou ainda se realiza.
Vento! Leve de mim toda e qualquer dor e ferida.
Vento! Traga esperança para minha alma e alívio para o sofrimento que me acompanha.
Vento! Me acompanhe nessa imensidão de problemas e conflitos que representam minha vida.
Como faço para escolher qual sopro ou corrente ar devo acompanhar?
Perguntas, tantas perguntas que me acompanham
Que sopram em meus ouvidos.
Espero que eu esteja caminhando rumo a sopros de mudança e renovação.
Sopra, sopra vida
Sopra como uma brisa de vento que chega a minha face
Minha face branca, frágil, finita.
Minha face desconstruída pelas areias do tempo.
Assim é minha vida
Assim é meu destino.
Ser empurrado para trás ou jogado para frente.
Minha face velha dá lugar um novo rosto
Desconstruído e reconstruído pelo tempo e seus sopros.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

percalços de uma existência

Quando acordamos num dia de escuridão, sombras e cinzas
percebemos o quanto é importante rever o que fizemos até então nesse dia de incertezas, dúvidas e percalços de nosso existir
pensamos bem o que significa existir
existência é para mim "uma construção em eterno fluxo de movimento", sendo que o caracteriza esse existir como um movimento não é o simples fato de estarmos produzindo de forma incessante, interminável e cansativa
mas a pergunta que não nos cala: o que, como e o que devo fazer? Se pararmos para pensar e refletir, percebemos que não há resposta para esse questionamento. Sentimo-nos vazios, inseguros, impotentes e fracos. Surgem percalços em nossa saúde física, mental, psíquica e espiritual. Tudo isso que digo, sintetiza algo:
Na outra semana estive doente e fui examinado. Meu diagnóstico foi colite ulcerativa, um problema que até então não espera apresentar. Estou refletindo e pensando que todo controle que eu exercia sobre meu existir não passou de uma simples "ilusão", uma criação mental.
estou com medo ainda, isso não posso negar, mas não tinha noção da "tamanha força da natureza que foge a meu controle consciente". Somos pequenos diante dessa força, mas temos o dever de nos escolhermos, escolhermos o outro e o nosso mundo, nossa individualidade.
estou surpreso, confuso, com sensação de vazio e angustiado, mas ao mesmo tempo mais humano, esperançoso em encontrar o sentido da minha vida novamente.
estou feliz, sereno, tranquilo e humano ao mesmo tempo.
Vamos vivendo com os ventos da maré, com a imensidão do mundo e da força natural e com os diversos caminhos que a vida nos oferece.
escolhemos conscientemente e de forma responsável

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sociedade Moderna e Perda de sentido

A sociedade atual é mais fluída, menos pesada, sólida e firme, se liquefez tão intensamente que já não há mais como prever as conseqüências daquilo que é empreendido. Vive-se em uma era de consumo, de prazer por si mesmo, de desregulamentação e de outros fenômenos cuja magnitude não fora prevista anteriormente pelo desenvolvimento da Modernidade e instauração da pós-modernidade ou modernidade líquida. O que marca a sociedade atual é a perda de sentido da vida, principalmente por aqueles que se viam protegidos pelo Estado com seu papel de Justiça, Ética, Moral e proteção dos interesses e necessidades dos sujeitos de direito. A relação moral que se dava entre dois sujeitos (eu e o Outro) foi perturbada ou interferida por um terceiro elemento. O medo incessante da interferência de outro fator faz com que o relacionamento moral não seja realizado da forma como era realizado anteriormente.
A insegurança cada vez maior com relação à interação com o Outro pode ser considerado um fator de influência negativa, além do próprio consumismo e de outras práticas de desregulamentação/fragmentação da vida, das relações e da sociedade como um todo. Com todas as transformações a que o mundo e seus habitantes se submeteram, o poder de reflexão, autonomia, auto-transcendência e de posicionamento do ser-aí que é o homem diante de seu poder-ser e de sua responsabilidade perante o existir. Desenvolvida toda uma ciência com vistas na tentativa de controle dos fenômenos humanos através da aplicação de leis naturais, as conseqüências para o homem não podem ser medidas. Mais especificamente, o ser humano não se responsabilizando por suas ações, não vê sentido em justificar todo e qualquer prejuízo que venha a infringir ao outro, à sociedade e ao mundo. Os atos de consumismo expressão a falta da busca de sentido da vida com que os sujeitos se deparam. Como fim em si mesmo, o prazer é utilizado como uma forma de reduzir a ansiedade, aplacar a sensação de proteção, segurança e angústia, além do vazio existencial que a modernidade fluída traz e que acompanha o existir de cada ser-no-mundo.
Em termos de desenvolvimento científico, o homem tem alcançado muitas mudanças: sejam tecnológicas, da área da saúde e bem-estar sejam outras áreas do humano e da sociedade. Mas não trouxe somente benefícios, acarretou em uma contradição básica do ser humano: o que fazer para tornar a vida mais significativa sendo que há um controle externo que impossibilita o realizar da liberdade responsável? Essa mesma pergunta é um dilema cuja resposta deve ser respondida através das escolhas realizadas e dos valores a que se visa alcançar. Em termos de avanço no campo da Psicologia, pouco se tem feito para possibilitar uma libertação autêntica da pessoa com sofrimento. Os modelos pautados por noções pré-concebidas de homem não libertam realmente os homens. Apenas o enquadram em categorias, rótulo, manuais que comparam “normais” com “anormais” e que nada tem haver com a vida singular de cada sujeito que procura a clínica e a Psicoterapia de forma geral.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Uma Flor:
Morre uma flor ao final da estação
Nasce uma flor ao início da estação
Mas a nova flor que nasce é linda
Tem pétalas mais vistosas
mais coloridas
mais cheirosas
A flor que morreu era assim
Mas a cada estação faz nascer
Faz nascer uma flor muito mais linda
Você também pode renascer
ser mais notada
ser melhor compreendida
ser em cada instante uma flor mais vistosa
Mas a flor que você pode ser não se encontra no seu exterior
Mas está no seu coração
Torne-se uma flor partindo de seu coração
Não de seu exterior
Sua vida pode ser tão bela
quanto a flor
e vc pode ser bela como uma flor
mas sua essência é única
colorida, vistosa e linda
Morre uma flor ao final da estação
Nasce uma flor ao início da estação

Ressaca