quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Solidão: uma tarefa necessária


     Em tempos de incessante transformação tecnológica e de rápido fluxo de informações, pessoas e ideais, temos cada vez mais a sensação de que não precisamos do outro para nos tornarmos mais completos e inteiros. Há alguns anos, víamos na constituição de uma família ou de grupos uma forma de aplacarmos a nossa falta e nosso desamparo enquanto sujeitos em relação, enquanto humanos que somos. A pós-modernidade não proporcionou apenas avanços, mas também  trouxe em seu desenvolvimento um dos principais fatores com que o ser humano se depara no decorrer de seu existir: a solidão. 
  Teorias que enfatizam o sujeito em relação, anteriormente, eram privilegiadas. Mas, no momento atual, o que se tem visto é o fato de que cada vez mais nos encontramos sozinhos e angustiados. As teorias que surgiram nos momentos iniciais do século XX e XXI enfatizam o papel e a importância dos relacionamentos para o desenvolvimento pessoal. Mas, agora, essas mesmas abordagens não são vistas como suficientes para entendermos como o ser humano lida com as mudanças constantes da vida em sociedade e pessoal. Temos visto cada vez mais pessoas solitárias e infelizes e que não se sentem competentes para estabelecerem relações com outras pessoas.
   Do ponto de vista existencial, podemos dizer que ser livre é uma das condições principais do humano. Liberdade para escolhermos nosso destino enquanto seres no mundo que somos. Como decorrência de uma condição de liberdade surge um dos sentimentos mais comuns de todo e qualquer sujeito, ou seja, nos sentimos angustiados. A angústia, assim como a liberdade, faz parte de nossa condição de seres livre e que somos “jogados” na vida. Diversos modelos teóricos acabam por negar o fato de que o ser humano é angústia, em outras palavras, negamos o fato de que nascemos e morremos sozinhos.
   O que podemos apreender através do que acabamos de expor é que, mesmo que neguemos o contato com nossa interioridade  e com o nosso próprio eu , não há como nos desvencilharmos de nossa solidão. Precisamos ter o “nosso ócio criativo” ou o nosso momento de solidão em que transcendemos a nosso momento presente temos a possibilidade nos tornarmos mais criativos e produzirmos cada vez mais. Relacionamentos em que cada um se encontra com o outro em sua inteireza e sem a necessidade uma fusão ou complementaridade com demais sujeitos são mais significativos se comparados às formas de relação estabelecidas socialmente e tidas como um ideal de toda e qualquer pessoa.