segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Dia 14/11/2011

Quando perdemos nossos mestres e nos encontramos diante de uma escuridão. Escuridão esta que nos traz um questionamento: O que faço em minha vida sem você? Diante desse questionamento nos encontramos diante de outras tantas dúvidas que surgem diante de nós ao longo do caminho pela sombra e escuridão que nos encontramos. Apegamos-nos facilmente a figura de nossos mestres, a sua existência concreta e a presença física e material. Na verdade, a perda de um ente querido nos traz o desafio de sentir a falta concreta desse mesmo ente querido, o que não é fácil de ser enfrentado. O que nos resta são apenas as lembranças, os ensinamentos e a saudade, além da falta do mestre que nos deixou repentinamente. Mais do que apenas obras materiais, nossos mestres deixam marcas profundas em nosso ser, em nossa essência enquanto seres humanos. Em muitos momentos, nos sentimos desesperados, impotentes e imóveis, pois nosso objeto de amor e afeição não está aqui para nos apoiar, incentivar e nos trazer confiança.
Mas daí vem uma forte motivação para continuarmos a viver, pois ainda não chegou nosso momento de partir dessa vida concreta. Mesmo estando longe de nós, nossos mestres se encontram perto de nossos corações e através de nossas memórias e daqueles que fizeram parte da vida desse mesmo ente que partiu. As lembranças ruins estão presentes sim, mas não podem nos endurecer perante a vida, aos outros e ao mundo que nos cerca. A existência não deveria estar vinculada a dimensão da vida física, mas a todas as outras formas de se considerar a nossa realidade. Disse tudo isso com o intuito de relembrar com muito carinho e consideração com relação ao meu pai e mestre Antônio Ricardo Micheloto. O senhor foi muito mais do que um mestre e ainda é para mim mais do que a existência. Você ainda é tudo para a nossa vida e nunca irei te esquecer. Não me esqueci de suas brincadeiras e de seus momentos de sono frente à televisão, seu sorriso quando reuníamos com nossos tios, primos outros parentes, além de sua calma quando conversava e lia jornais frente a varanda.
Abraços de Otávio meu Velho.