terça-feira, 30 de novembro de 2010

textos viktor frankl 2

Amor: Expressão do contato com a plenitude e o caráter de algo único e irrepetibilidade da pessoa amada.
O amor ou o ato de amar pode ser considerado umas das formas mais plenas e profundas de um encontro entre duas pessoas ou seres-humanos e de dignidade humana. Assim como outras formas de plena realização de valores e de busca de sentido, o amor possibilita ao sujeito intender em direção ao outro em seu “caráter de algo único” e de irrepetibilidade. A plena realização de um encontro de um Eu com um Tu possibilita a ambos entrar em contato com aquilo que é profundo e de grande valor e dignidade. A autenticidade de um relacionamento não está apenas no exercício da sexualidade pura e simplesmente (caráter situacional) nem em uma intenção relacionada ao aspecto erótico de uma relação, mas na plenitude verdadeira e própria. Corresponde ao encontro com o outro (amado(a)) conforme aquilo que este “é” e não naquilo que o parceiro “tem”.
A relação com o “ter” de uma pessoa não é autentica, pois o “ter” corresponde a uma posse por parte do sujeito. Muitos relacionamentos fracassam pelo simples motivo de o sujeito que ama considerar apenas o aspecto do desejo, da beleza física e da atratividade erótica do outro que é amado. Na verdade, não há um conhecimento profundo da personalidade e do caráter de unicidade e irrepetibilidade do outro de si mesmo. Mas mesmo em situações de fracassos amorosos, pode-se buscar um valor e uma possibilidade de realização plena de sentido. Os encontros autênticos entre pessoas que se amam envolvem um dar e um receber mútuo, o encontro íntimo com o outro e uma responsabilidade perante o existir.
O impulso sexual que faz sujeito satisfazer um desejo se encontra dentro de uma condição situacional, pois acabando uma relação ou atividade sexual, o sujeito sente-se impelido a buscar satisfazer novamente esse mesmo desejo, sendo que, nesse caso, o sujeito que se relaciona sexualmente com outrem não conhece em profundidade o caráter único e irrepetível desse mesmo outrem. Mesmo no caso aspecto erótico, a pessoa que ama possui uma intenção em obter algo para si, no caso o ser amado ainda não intende em direção ao encontro, à integra incondicional e ao contato com aquilo que o outro “é” em sua unicidade e irrepetibilidade. O modelo explicativo psicodinâmico apenas consegue abranger o aspecto da satisfação do desejo através do impulso sexual, o que limita o aspecto da profundidade do ser em sua busca pela realização plena de um sentido existencial. Já o modelo existencial proposto por Viktor Frankl visa abordar o sujeito em toda a sua integralidade e totalidade corpóreo-anímico-espiritual.
A responsabilidade do sujeito por um relacionamento é de ambas as partes de uma relação amorosa. Sendo um encontro entre dois seres únicos e irrepetiveis, uma relação amorosa deveria envolver a integra, o compartilhar e a responsabilidade pela escolha do companheiro (a). Há diversos casos em que um relacionamento não se mantém devido ao fato de que o sujeito vê o parceiro ou parceira como uma posse ou um objeto de que se pode ser mostrado. Relações amorosas desse tipo não se mantém por muito tempo, pois o contato eu-tu não é autêntico e apenas um dos aspectos do amor verdadeiro se mantém.
Há três possibilidades de surgimento de uma neurose sexual. Mas antes de descrever essas três formas ou manifestações neuróticas sexuais, cabe mostrar como se dá o desenvolvimento da sexualidade por parte do indivíduo “normal”. Ao longo do desenvolvimento há um momento em que o sujeito se diante do surgimento de uma necessidade sexual que irrompe de forma súbita, invadindo todo o ser desse mesmo sujeito. No primeiro momento, a pessoa visa satisfazer imediatamente a necessidade que se manifesta através de um impulso sexual. Com o decorrer do desenvolvimento, aquilo que correspondia apenas ao campo da sexualidade e de sua pura expressão vai mais, além, passando para o plano erótico. A sexualidade passa a estar relacionada com seu aspecto erótico e o sujeito busca uma ligação com outra pessoa em que os aspectos sexuais, eróticos se fundem e passam a estar relacionados à profundidade do ser e a seu aspecto espiritual. Quando esse mesmo processo de desenvolvimento é interrompido, pode-se dizer que a pessoa está vivenciando uma neurose sexual. Mas não quer dizer que o sujeito esteja doente, mas que a meta principal de sua vida amorosa ainda não fora atingida.
O primeiro caso em que o desenvolvimento da sexualidade pode ser interrompido corresponde aquilo que ocorre em sujeitos ressentidos em termos amorosos. Ou seja, aquelas pessoas, que devido a uma não-correspondência amorosa satisfeita, retornam a um estágio de realização de atividades sexuais puras e simples, sem ligação com um objeto e inter-relação com o aspecto erótico. Exemplo comum é de jovens que conseguem se relacionar com alguém, mas devido a uma desilusão com relação ao parceiro, passam a buscar satisfazer necessidades sexuais imediatas como compensação diante do ressentimento amoroso.
O segundo tipo de sujeito cujo desenvolvimento sexual se encontra comprometido ou não é “normal” corresponde ao resignado. Pessoas resignadas, de alguma forma, se mantêm apenas em um estágio de atividade sexual, satisfazendo desejos através da descarga de impulso sexual. Os sujeitos do tipo resignados temem não conseguir encontrar uma pessoa ou objeto em que o corpóreo e o anímico se fundem e se entrelacem. Fica apenas na satisfação imediata e no gozo sexual, não se dirigem ao aspecto erótico das relações amorosas e nem ao aspecto final de profundidade corpóreo-anímico-espiritual de uma relação amorosa. Por algum motivo, os resignados não saem do estágio inicial da atividade sexual. Esta acaba por não ser a expressão do amor perante o outro. Os resignados não vivem a completude do amor e parecem temer essa forma de relacionamento. O terceiro tipo corresponde ao sujeito não-ativo que é aquele que ainda não atingiram um estado de atividade sexual inicial. São aqueles sujeitos que ainda nem lidaram completamente com a satisfação dos desejos sexuais através da descarga de impulsos sexuais. Ainda se encontram no aspecto situacional do desenvolvimento sexual e do amor. O que se percebe nos casos das neuroses não é necessariamente uma psicopatologia, mas uma não integração dos três aspectos de profundidade e da realização de valor por parte do sujeito que ama. O objetivo da psicoterapia, nos casos descritos anteriormente não é fazer com que o sujeito atinge uma maturidade em termos da satisfação de impulsos e de contato genital entre parceiros.
Na verdade, o objetivo é justamente mostrar ao sujeito que a capacidade de amar transcende ao mero aspecto fisiológico (este é uma expressão do amor), chegando ao aspecto da integralidade-totalidade e profundidade corpóreo-anímico-espiritual. Ou seja, o sujeito que busca tratamento precisa entender que o amor deve ser um valor a ser alcançado e o caráter de uma relação amorosa está justamente na missão a qual o indivíduo visa cumprir. Nesse caso, não é o ato sexual em si, mas o sentido a ser encontrado é o que deve motivar os relacionamentos em termos amorosos. Para finalizar a discussão presente, cabe ressaltar que a neurose diante de uma relação amorosa é expectante, pois está relacionada a expectativa que surge diante do sujeito espera realizar e consumar um relacionamento amoroso, mas que por algum motivo, sente-se paralisado no momento da concretização dessa mesma relação. Mas neurose, de forma nenhuma, corresponde a uma psicopatologia nem a um aspecto doentio.
Além da simples sexualidade, de um erotismo e da relação amorosa existem outras maneiras de o sujeito realizar de forma plena um sentido existencial. Além disso, mesmo com uma desilusão amorosa, pode-se encontrar um sentido para a existência por parte do indivíduo.

textos viktor frankl 1

1): Liberdade de poder-ser do humano:
Desde que nasce o ser é livre e responsável por seu destino. Diante de diversas possibilidades que vêem ao humano, a cada humano somente uma possibilidade realiza o seu ser. O que torna cada ser-humano insubstituível é justamente o fato de que a vida apresenta-se como sendo irrepetível e que há um caráter único na existência de cada ser. O existir humano corresponde a poder-ser, a um ser livre e responsável e à realização de um destino, este não apenas pode ser comparado a um chão sobre o qual o ser pisa, mas um meio de alcançar a liberdade diante da existência.
Em termos de comunidade ou de agrupamentos de massa. O que se deve ter em mente é que não se vive sem um grupo em que se possa amparar, pois a constituição da existência humana depende daquilo que se estabelece em termos coletivos. Mas há muitos momentos em que estar aderido completamente a uma massa de sujeitos faz com que o ser se esqueça de sua responsabilidade diante de sua liberdade. Como ser moral, o humano entre em embate com algo que lhe é determinado, no caso o que a massa determina. A liberdade se realiza mediante um destino que é único e irrepetível para cada humano, não quer dizer que os seres-humanos são superiores, os únicos, melhores e maiores, mas que cada um realiza seu de destino como algo que lhe é único. O passado já foi consumado, mas o sujeito pode reformular sua vida buscando dar sentido ao que já ocorreu ou cair na fatalidade.
Mesmo diante da finitude, do fim de toda e qualquer existência e da proximidade da dita hora “H”, cada sujeito pode encontrar um sentido para seu existir e viver. Como é dito, a morte é o que atribui sentido à existência de cada indivíduo. As pessoas fogem de um caminho a que todos estão sujeitos, se rebela, entra em conflito e não aceitam o fim e a sua chegada, mas esquecem que sua vida é única e que cada momento da vida, cada sentido e cada existir não se repetem. O ser é ser-responsável, pois justamente estar diante da liberdade. Não há uma continuidade de sentido com a herança genética, pois o sentido é de cada pessoa, de cada situação e de cada momento. O sentido que um sujeito encontra ao cumprir determinado destino lhe único, insubstituível e termina com a morte desse mesmo sentido. Não se pode dizer que haja uma continuidade de sentido, pois aquilo que um descendente realiza um destino que lhe é próprio e não é o mesmo do antecessor de cada pessoa. Há uma crença de que o destino escapa à compreensão e ao domínio do homem. Na verdade, não há liberdade sem destino e destino sem liberdade. Os dois estão muito próximos, estando interligados.
2): Ser-humano: aquele ser cuja existência tem caráter de algo-único e irrepetibilidade:
Ao longo da existência como ser-no-mundo, o indivíduo vai constituindo uma essência que lhe é única e um sentido específico a que corresponde à “missão” desse mesmo indivíduo. O sentido não se constitui com algo dado e já constituído previamente, mas deve ser encontra na medida em que o sujeito responde às perguntas que a vida lhe traz. A pessoa busca realizar um sentido ao longo de seu existir, mesmo existindo vários sentidos a serem encontrados, apenas um único e irrepetível sentido é aquele que move todo o ser da pessoa. Realiza com uma “missão” que envolve valores de criação, de aceitação, de altitude, o amor como o contato com o ser-assim da pessoa amada entre outros que conferem a cada ser-humano o caráter de unicidade e irrepetibilidade de cada existir.
Mesmo com o último suspiro, com o chegar da morte, acontece algo único e irrepetível na pessoa, a realização plena de um sentido. Seja em uma simples atividade criadora, aceitando o fim do existir, ou a altitude que transcende o que está dado e consumado, que é a morte. Outra forma de encontrar e realizar um sentido plenamente é o amor, não no sentido de uma simples atitude sexual correspondente ao aspecto puramente corpóreo da pessoa, nem ao aspecto do erotismo que corresponde ao fator anímico do ser-humano, mas ao co-existir e o intender para o ser-assim do outro, a essência e a profundidade espiritual da pessoa que é amada. O amor corresponde ao encontro com o outro em sua profundidade cuja manifestação se dá no corpóreo (primeiro estrato do sujeito) e no anímico. Mas o contato verdadeiro com a pessoa amada se dá justamente na dimensão espiritual dessa mesma pessoa objeto de amor.
Um Eu que se encontra com um Tu em sua essência, mas com manifestações corpóreas e anímicas que não o que caracterizam especificamente essas duas dimensões menos profundas. Toca justamente na camada ou estrato espiritual de si e do outro.. A morte da pessoa amada não acaba com o amor que uma pessoa tem pela outra. Mesmo com o não existir, há uma essência do outro amado que é insubstituível para quem ama e perde a pessoa querida. Outras formas de realizar valores podem ser utilizadas pelos seres-humano ao longo de sua existência, o amor é apenas uma dessas formas, não a principal forma. È o modo como se faz algo e não o fazer propriamente dito que conferem a pessoa seu caráter de algo único e irrepetível. Tantas pessoas que trabalham a semana inteira considerando que apenas trabalhar é o que confere sentido ao existir e chegam em um dia de folga e se encontram com o que mais temem: vazio-existencial e falta de sentido para a vida?
Uma neurose dominical traz para o sujeito um sentimento de falta de sentido e de vazio existencial. O sujeito tenta de todas as formas camuflar esse sentimento, mas não conseguem tal feito, pois mau sabe que há outros valores que dão sentido a seu existir. Atividades não ligado ao trabalho laborioso do dia-a-dia de cada ser-hunano. Pessoas cujo sofrimento é intenso descobrem que ainda pelo e por quem lutar. Sabem que suas criações, mesmo simples e pequenas, aceitam o que lhes é reservado e pensam que há outra pessoa que os esperam, apesar de tudo. Uma situação de aceitação faz com que uma pessoa com sofrimento encontre forças para lutar por algo em sua vida. Quem perde a esperança acaba por pensar que há um destino que foge a seu controle. Mas, na verdade, o destino de cada indivíduo lhe é único, o que lhe confere a liberdade. Destino e liberdade estão entrelaçados de tal forma que dificilmente se fala em um destino comum a todas as pessoas. A liberdade e a responsabilidade perante o destino de cada um é o que confere ao existir unicidade e irrepetibilidade.
Cada momento é insubstituível e tem um sentido único. Cada pessoa por quem se ama também não pode ser substituída, mesmo com o fim da dimensão corpórea, pois o sujeito não é somente corpóreo e anímico, mas também espiritual. Viktor Frankl descreve muito bem como a vida degradante do campo degradante não impede o homem de encontrar um sentido para a vida seja na realização uma atividade, aceitando o fim e tendo por quem lutar e esperar. Os que se deixavam entregar ao sofrimento pereciam e morriam. O estado de apatia por que passava um prisioneiro é comum a todos aqueles que se encontram diante de situações desesperadoras. A decorrente perda de vontade de viver acaba conduzindo um prisioneiro a um total estado de desinteresse perante às possibilidades do viver e do existir.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

viajens por aí...

Esses dias estive viajando por aí
mas cansei de viajar de carro
mesmo assim aproveitei cada momento
vou viajar novamente, mas por agora quero recompor minhas energias
voltar minhas atividades
onde fui é maravilhoso
há tanto parque, museu, praça, verde ar limpo
errei alguns quilometros na estradas, mas andei por vários lugares
cansei minha mãe, por isso vou dar um tempo de viajens
mas ela aproveitou também
fui em lugares interessantes
uns intediantes
outros que me fazem refletir sobre minha vida
encontrei um sentido em minha vida ao apresentar um trabalho no congresso que particpei ao viajar
vi, conversei e contactei várias pessoas
revi conhecidos, parentes e amigos
senti, vivenciei, percebi e vi como a vida realmente é
agora estou voltando para minha realidade
sai de meu cotidiano nessa viajem
voltei às minhas raízes
enfim, viajei por aí...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

desassossego




Sinto um desconforto dentro de minha alma
um desassossego que me acomete dentro do espírito
um desassossego que me invade dentro do corpo
vejo as pessoas andando na rua e passando
vejo as pessoas caminhando na calçada e simplesmente passando
sinto que o tempo me corrói por dentro e por fora
sou o que fui e o que serei em uma única pessoa
escrevo palavras de forma mecanicamente técnica
escrevo palavras de forma tecnicamente mecanica
sou um desassossego ambulante e penso e desassossegar minhas angústias
tudo que vivi dentro de minha alma não passou de simples ilusão
carrego o peso do mundo em meus ombros e uma pena em minhas mãos
apesar do peso, ainda tenho aquela leveza e aquela esperança
esperaça de soltar o peso de meus ombros
desassossego
desassossego
incomôdo
incomôdo
peso
peso
leveza
leveza
escrevo para aliviar meu desassossego
aliviar meu peso do mundo
carrego um peso menor
cada vez mais
até aliviar meu desassossego
o mecânico e o técnico sumiram
a fluídez toma conta de mim
emfim sossego
efim alívio
emfim leveza
sinto uma felicidade gritante
uma felicidade fluída
e espero continuar assim
assossegado
leve
sem o peso
apenas flutante nos meus pensamentos

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fé rumo ao futuro: Como garantir um futuro seguro, firme e satisfatório.

Na era da sociedade e da modernidade leve e fluída, não se pode mais dizer em uma fé no progresso em termos comunitários e sociais. Os sujeitos passam a depender de seus esforços pessoais para garantir um futuro melhor, mais digno. Considera-se que a fé no futuro é garantida se uma base no presente é mantida pelo indivíduo. De acordo com esse discurso, a culpa pelo fracasso, pela degradação, pobreza e miséria é daqueles que não tiveram essa base de sustentação no presente. No momento em que a sociedade se encontra, não há mais um projeto coletivo de fé no progresso e no futuro, nem mesmo um ideal comum e coletivo de busca de um futuro melhor para um Estado ou nação.
Os esforços para com o trabalho ou labor não são necessários como outrora foram. A própria concepção de trabalho como um esforço corpóreo perde seu sentido, pois os sujeitos se apegam ao que é imediato. A fluidez da modernidade facilita para os “ávidos” consumidores produtos que são consumidos imediatamente à compra. Para os que não podem consumir, nem mesmo o trabalho laborioso e com esforço e suor do próprio corpo é garantia de um futuro digno e próspero. O imediatismo dos consumidores somente se caracteriza pela satisfação pura e simplesmente, não pelo pensamento a longo prazo que possibilita planejar um futuro melhor. O momento toma lugar do que pode acontecer e a instabilidade substitui a garantia de condições mais dignas e prósperas.
A curto prazo, aqueles que consomem tem a sensação de que podem ter, ser e viver a vida que quiserem. O presente pelo menos pode ser garantido, já que não há mais uma sociedade que ruma para o progresso. O que poderá ser feito ou não, na modernidade fluída, depende de uma base segura no momento presente. Mas como ter essa base, se nem o sentimento coletivo de solidez, estabilidade e segurança não mais existe ou não se revela como antes? O Estado não mais garante essa base, nem mesmo o trabalho, o que torna a trajetória de cada sujeito solitária e sem rumos ou caminhos definidos e definitivos. O indivíduo, como diz Bauman, se encontra em um caminho com diversas e longas pontes que tornam obscuro o prosseguir por parte desse mesmo indivíduo.
A modernidade sólida, firme e pesada se caracteriza por um caráter de rumo ao progresso de trabalho coletivo para construir um coletivo mais bem organizado e estruturado. Mas tudo isso somente era possibilitado por um poder forte e de controle da atividade corpórea, dos ritmos e movimentos e do componente temporal e espacial da organização social. Novamente vale se reportar ao aspecto psicológico resultante do imediatismo. Perdendo o rumo diante das possibilidades da existência, o sujeito se vê diante de um grande vazio com que depara. As neuroses existenciais surgem, pois as pessoas não conseguem ver o final das diversas pontes de grande distancia. A pessoa se encontra em meio de diversas possibilidades de consumo, mas não tendo como consumir essas possibilidades, enlouquece, psicotiza e perde a estabilidade emocional com que a maioria das pessoas não podem contar também.
Não há mais volta, mas o que pode ser feito é pelo menos garantir uma base segura e firme com que o sujeito existencial possa se manter não apenas no momento presente, mas ao longo de vida futuro. Mas cada um deve constituir sua base, pois coletivamente falando, a base grupal sólida e estável não é mais tão firme. O existir de cada sujeito é único, o que deveria ser conscientizado por todos. Apenas o aqui-agora não possibilita a realização de um ideal de sentindo e de vida, de forma geral.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O mundo em transformação, re-transformação e des-tranformação:

Vivemos em uma sociedade sem limites para a satisfação imediata e sem conseqüências daquilo que se obtém. A transformação da sociedade fez com os indivíduos não mais pensassem no que poderia acontecer no futuro. O pensamento não está mais focado no desenvolvimento-progresso rumo ao futuro. O presente toma o lugar da busca de melhores condições futuras, não são mais requeridos aspectos da corporalidade para produzir e manter o capital. O que ocorre na passagem da sociedade sólida e pesada para a fluída e leve é o próprio desengajamento por parte daqueles que produzem, o surgimento de uma instabilidade e a liberdade de transito do capital, que agora transita livremente e não depende mais de um força corporal, da rigidez e das fronteiras.
A sociedade atual passa por não apenas uma transformação, mas por um re-transformação e des-transformação, pois se perdeu os valores que outrora estavam presentes em uma sociedade em que todos se encontravam unidos em torno de um ideal futuro. As características mais marcantes desse triplo processo pelo qual o mundo está passando são a evitação das conseqüências dos próprios atos por parte dos indivíduos e o ato de não assumir responsabilidade perante às conseqüências dos atos de obtenção de prazer imediato. O capital sendo livre de amarras, do espaço e do tempo de seu deslocamento junta-se ao imediatismo e ao pensamento de que o que pode ser feito imediatamente no presente.
Anteriormente, os donos do capital se utilizavam da força corporal e do controle rígido das estruturas fabris para manter o capital. Agora, nem se precisa mais da força corpórea nem do controle rígido. Os donos do capital, na modernidade líquida, nem desejam que os produtores estejam a seu alcance. Movimentam-se rapidamente, com facilidade e agilidade e fundem em espaços reduzidos em que o capital pode ser cambiável. O sujeito pode estar em qualquer lugar rapidamente, sem precisar esperar por uma oportunidade de terem que esperar uma mudança de sua condição social. A transformação ocorreu justamente pelo fato de que a modernidade se liquefez, estar mais leve e solta e de ter surgido uma instabilidade perante o futuro. A re-transformação ocorreu devido ao fato de que o capital tornou-se cambiante e mais leve e fluído e a des-transformação surge através da ruptura com o ideal de sociedade de união, de solidez e de preocupação com o futuro de uma nação como um todo. No caso de re-transforma sempre ocorrem mudanças que culminam em uma mesma perda, apesar de ocorrer uma transformação, os problemas sociais se repetem em uma proporção inimaginável.
Do ponto de vista psicológico, essas mudanças repercutem no modo como o sujeito lida com os momentos de sua vida. Pensando apenas no presente e na satisfação imediata, o sujeito se exime do que pode acontecer em termos futuros quando faz sua escolha de viver apenas para o agora. A responsabilidade é inerente a toda e qualquer escolha livre que a pessoa faz. Que sentido há em se dizer que agora as pessoas são livres se não assumem responsabilidades por ações indevidas? É a liberdade de chegar a um destino rapidamente, do desengajamento e da instabilidade? E como ficam aqueles que não têm condições de consumir?
Se as perguntas não possuem resposta, é por que os valores da vida em sociedade foram desconstruídos e a des-transformação surgiu. Neuroses de falta de sentido, falta de valor existencial e práticas de extermínio da própria vida são apenas algumas conseqüências psicológicas desse triplo processo de mudança social. Os donos do capital nem desejam que os “neuróticos” produtores interfirem na liberação e intercambio de capital. O produtor sofre psiquicamente por não ter perspectivas diante do futuro de seu existir e viver.