sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sociedade Moderna e Perda de sentido

A sociedade atual é mais fluída, menos pesada, sólida e firme, se liquefez tão intensamente que já não há mais como prever as conseqüências daquilo que é empreendido. Vive-se em uma era de consumo, de prazer por si mesmo, de desregulamentação e de outros fenômenos cuja magnitude não fora prevista anteriormente pelo desenvolvimento da Modernidade e instauração da pós-modernidade ou modernidade líquida. O que marca a sociedade atual é a perda de sentido da vida, principalmente por aqueles que se viam protegidos pelo Estado com seu papel de Justiça, Ética, Moral e proteção dos interesses e necessidades dos sujeitos de direito. A relação moral que se dava entre dois sujeitos (eu e o Outro) foi perturbada ou interferida por um terceiro elemento. O medo incessante da interferência de outro fator faz com que o relacionamento moral não seja realizado da forma como era realizado anteriormente.
A insegurança cada vez maior com relação à interação com o Outro pode ser considerado um fator de influência negativa, além do próprio consumismo e de outras práticas de desregulamentação/fragmentação da vida, das relações e da sociedade como um todo. Com todas as transformações a que o mundo e seus habitantes se submeteram, o poder de reflexão, autonomia, auto-transcendência e de posicionamento do ser-aí que é o homem diante de seu poder-ser e de sua responsabilidade perante o existir. Desenvolvida toda uma ciência com vistas na tentativa de controle dos fenômenos humanos através da aplicação de leis naturais, as conseqüências para o homem não podem ser medidas. Mais especificamente, o ser humano não se responsabilizando por suas ações, não vê sentido em justificar todo e qualquer prejuízo que venha a infringir ao outro, à sociedade e ao mundo. Os atos de consumismo expressão a falta da busca de sentido da vida com que os sujeitos se deparam. Como fim em si mesmo, o prazer é utilizado como uma forma de reduzir a ansiedade, aplacar a sensação de proteção, segurança e angústia, além do vazio existencial que a modernidade fluída traz e que acompanha o existir de cada ser-no-mundo.
Em termos de desenvolvimento científico, o homem tem alcançado muitas mudanças: sejam tecnológicas, da área da saúde e bem-estar sejam outras áreas do humano e da sociedade. Mas não trouxe somente benefícios, acarretou em uma contradição básica do ser humano: o que fazer para tornar a vida mais significativa sendo que há um controle externo que impossibilita o realizar da liberdade responsável? Essa mesma pergunta é um dilema cuja resposta deve ser respondida através das escolhas realizadas e dos valores a que se visa alcançar. Em termos de avanço no campo da Psicologia, pouco se tem feito para possibilitar uma libertação autêntica da pessoa com sofrimento. Os modelos pautados por noções pré-concebidas de homem não libertam realmente os homens. Apenas o enquadram em categorias, rótulo, manuais que comparam “normais” com “anormais” e que nada tem haver com a vida singular de cada sujeito que procura a clínica e a Psicoterapia de forma geral.

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