sexta-feira, 22 de abril de 2011

Instante

"Nada existe de mais difícil do que entregar-se ao instante. Esta dificuldade é dor humana. É nossa" Clarice Lispector

Difícil para mim é lidar com o que ocorre comigo neste instante, o que sinto no momento presente e atual, o que penso na hora presente, o que desejo agora.
Me imagino no futuro e penso no passado. Tudo flui ao mesmo tempo dentro de minha mente e meu espírito. Como posso me livrar do que fui e ao mesmo tempo não imaginar o que oorrerá comigo no futuro? Vou manter-me nesse fluxo temporal que é minha eternidade. Viver o presente é entregar-se às sensações que agora surgem no fluxo temporal em que me encontro. Percebo ao sentir cada instante de minha vida. Cada instante é um passado, presente e futuro, tudo junto ao mesmo tempo. Por isso, fluxo temporal. Como voltar minha atenção ao mundo-da-vida, da experiência cobcreta e imediata, como diz Hussserl? Devo partir da intuição que tenho de minha vida e dos diveros momentos. Cada percepção de minha "vida intencional subjetiva" é parte de uma percepção de um mesmo objeto ou coisa. Minha mente deve reunir tudo que percebi e trazer para esse momento que me encontro. É tão difícil trazer tudo para este instante. Saindo de tanta teoria, como me entregar às sensações de meu corpo e do mundo é uma tarefa complexa, mas desafiadora. Cada linha entrelaçada de meu ser se permeia no fluxo temporal e formam o momento presente e o que agora sou.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mundo e eu diante do mundo

" O mundo: um emaranhado de fios telegráficos em eriçamento. E a luminosidade no entanto obscura: esta sou eu diante do mundo" Clarice Lispector

Sou um sujeito que vive na escuridão, mas busco a luz.
Sou um humano que nasce no emaranhado, mas busco desenlaçar os fios do mundo.
Sou um homem iluminado, mas busco as cavernas e grutas escuras para ficar sozinho
comigo mesmo.
Cada entrelaçado de fios teleféricos pode ser desenriçado, produzindo um sentido que faz do mundo o que ele é.
da desordem dos fios eriçados surge a ordem emaranhada do mundo.
Sou como a luminosidade obscura.
Sou como essa ambiguidade de ser uma luz e uma sombra
Fios entrelaçados que estão em eriçamento e que podem ser desenrolados
Assim é meu mundo.

Sentido e pulsação

"Esta é a vida vista pela vida. Posso não ter sentido mas é a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa" Clarice Lispector.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Comentário Necessário

Hoje, dia 12-04-2011
li um artigo no jornal Correio de minha cidade. Nesse mesmo artigo, um colunista que afirma ser contra a lei das cotas e da isenção de estacionamento, meia entrada para deficientes, idosos e outras pessoas com necessidades especiais, traz argumentos, que segundo seu ponto de vista, correspondem à opiniões pessoais mais do que verdades comprovadas na prática. Chega a comentar que as leis de benefício contribuem para uma segregação ainda maior com relação às classes desfavorecidas.
As instiuições estatais criam leis com o intuito de garantir que necessidades, interesses, direitos básicos entre outras garantias sejam oferecidas a aqueles a que a vida não ofereceu oportunidades. Como deficente, sinto "na pele" o preconceito e não cumprimento das leis de acessibilidade. Há lugares que não consigo vagas para estacionamento. Mesmo havendo leis, não há garantias totais. Isso tanto é verdade quando vou ao shopping e tenho que pagar por uma vaga especial que nunca está desocupada. Essas situações desestruturam o nosso psiquismo, nos frustram e angustiam e nos fazem sentir impotência diante de uma sociedade global, capitalista, segregacionista e estigmatizadora. O que nos resta é buscar mecanismos legais que impelem, de alguma forma, o cumprimento dessas garantias. Afinal, somos cidadãos, pagamos impostos e consumimos!!!!
Sou a favor das leis de cotas, insenção e de meia entrada, mesmo com as falhas, mas como meio de termos nossas garantias enquanto sujeitos de direitos. O que pretendo expor aqui é a seguinte questão: Se não há um acordo e consenso diante da criação e implementação de mecanismos legais, o que poderia ser feito em termos palpáveis por aqueles que lutam por direitos?
Não precisa responder, mas pensar a respeito desse tema é importante. A vida já não é tranquila para os deficientes e outras minorias, retirar o que mantém um pouco de tranquilidade para nós é uma opção correta?
Somos sujeitos históricos, situados no mundo, cumpridores de deveres e que os direitos básicos devem ser garantidos. Somos construtores de nossa história, cultura e sociedade, ou seja, todos somos e deveríamos ser tratados com igualdade de oportunidades. Na prática não é bem assim. O preconceito é antigo na realidade humana, apesar dos avanços ainda é forte e está presente não apenas em aspectos físicos, mas também no campo afetivo,emocional e relacional(atitudes, comportamentos e ações). O que devemos entender é que se não há outro meio de mudar nossa sociedade, que seja pela aplicação das leis e dos mecanismos estatais.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Trivialidades

Um momento entre outros que surgem ao longo de nossas vidas
Um momento entre outros que fazem parte de nossas vidas
às vezes sinto-me vazio, sem perspectiva de sentido
A trivialidade de minha vida me angustia
de tal forma que não suporto a mim mesmo
Espero sair do trivial e buscar novos sentidos, novos rumos e sair de minha angústia
Um momento entre outros que desaparecem na medida em que não suporto meus momentos de loucura
Afinal, de louco temos um pouco não é?
Mas enlouquecer demais não suporto
Espero sair dessa imensa maré de desatinos da trivialidade
Desatinos que não vão mais me sufocar
não vão mais me fazer perder meu rumo
mas que ainda não sei como percorrer e traçar
pois a vida também se faz pela deriva e angústia e por meu desassosego
meu rumo vou tomar após aceitar esses caminhos tortuosos da trivialidade
aceitar a deriva e a angústia, além do desassosego
não é fácil lidar comigo mesmo, com a minha trivialidade
pois tudo isso me sufoca dentro de meu íntimo
preciso respirar novos ares, desvendar outras marés e sair de minha trivialidade
Em um movimento contínuo e eterno se faz o caminho que escolho seguir
o final desse caminho ninguém sabe qual é
nem mesmo eu sei como alcançar
tudo me é estranho e duvidoso
tudo me é trivial
espero alcançar novos caminhos além da trivialidade
o que esperar de mim agora?
o que esperar da vida agora?
o que esperar dos outros agora?
escapar da mesmice do cotidiano
da repetição da vida
da mesmice da vida
e da rotina da ser trivial