segunda-feira, 19 de julho de 2010

textos

09-07-2010:

Sexualidade, afetividade e deficiência:
O livro “Sexualidade e deficiências “, da autora Ana Claúdia Bortolozzi Maia, considera do ponto de vista psicológico, social, físico e cultural a sexualidade humana, mesmo no caso de pessoais com deficiência. O desejo afetivo e sexual está presente na pessoa com deficiência e não deve ser negado, reprimido, retraído entre outros aspectos qu se relacionam a própria forma com que a sociedade lida com o tema da sexualidade. Algumas representações sobre o corpo, auto-imagem, perdas corporais visíveis ou não vão sendo descritas ao decorrer da exposição que a Ana Cláudia faz sobre pesquisas realizadas por diversos autores da área de deficiência mental.
No primeiro capítulo, a autora nos traz diversas concepções acerca do termo deficiência. Muito além de definir termos, Ana considera que a forma com que as pessoas lidam com a deficiência e com o sujeito deficiência se relaciona com os conceitos, pré-noções, juízos de valor que o sujeito que percebe traz de acordo com o seu relacionamento com a cultura, com seu grupo social e contexto mais próximo. O deficiente estigmatizado por apresentar a sua marca distintiva, nega sua capacidade de expressão afetivo-erótica, seja através de práticas que infantilizam ou reduzem o potencial sexual, afetivo e relacional ou através dos estereótipos, conceitos, concepções e representações que o contexto social, a família e o próprio indivíduo com deficiência constituem.
O tema da deficiência não é de fácil compreensão, pois lida justamente com questões mais amplas, ou seja, corresponde a um fenômeno multifacetado e com diversos aspectos que se entrecruzam. A sexualidade, sendo um tabu, no caso de pessoas com deficiência, torna-se mais difícil de ser compreendido por tratar de retomar toda a articulação dos fatores sociais, físicos, culturais entre outros. Em diversos momentos, a família de uma pessoa com deficiência não aceita o fato de que seu filho não é desprovido de desejos sexuais e que pretenda algum dia constituir relações afetivas, sexuais e relacionais. Não conversa com o filho deficiente sobre sexo, casamento, riscos de práticas sexuais inadequadas, o que pode levar à abusos sexuais, físicos e verbais.
10-07-2010

O capítulo inicial do livro trata da consideração dos aspectos relacionados à deficiência. Esta, conforme diversos teóricos e a autora, se refere ao conjunto de condições gerais limitantes: biológicas, sociais e psicológicas. A autora trata de questões que são remetidas aos aspectos sociais, culturais e físicos. Uma dessas questões é a do diferente que se dá sobre o parâmetro da igualdade e da “normalidade”. As diferenças, segundo Maia, se manifestam em um contexto que as evidencia/contrapõe os semelhantes em alguma característica valorizada aos chamados “diferentes”. Estes, conforme o contexto em que se encontra, apresentam características ou atributos que podem ser percebidos por outras pessoas conforme noções, conceitos, parâmetros e outras formas de consideração que foram constituídas sócio-histórico-biológico-culturalmente por um grupo social da qual esse mesmo sujeito que percebe faz parte.
A sociedade possuí noções, conceitos e juízos pré-estabelecidos e estigmatizam as pessoas com deficiência conforme aquilo que é constituído nesse meio social. Ao longo da história, os deficientes foram sendo considerados de forma diferente. Inicialmente, eram tratados como sendo aberrações, não humanos, monstros. As práticas mais comuns da idade média eram sacrifícios, extermínios, assassinatos, abandono a própria sorte entre outras formas de evitar que os deficientes entrassem em contato com a sociedade. Com o desenvolvimento da ciência médica, em especial da psiquiatria, as pessoas com deficiência foram sendo alojados em locais sem contato com o meio social. Segundo Maia (), “todos temos concepções (‘pré-conceitos’), nem sempre evidentes, sobre diferentes fenômenos sociais e tomamos atitudes em relação a eles considerando essas concepções”. A deficiência e a manifestação da sexualidade, correspondem a dois temas de complexa consideração, pois ambos esbarram justamente em aspectos sociais, históricos e culturais.


DIA 19-07-2010

Conforme crenças socialmente constituídas e de representações significadas-resignificadas dentro de contextos mais amplos, no caso específico da pessoa com deficiência, essas mesmas representações levam a práticas discriminatórias, excludentes, segregacionistas, que negam ou infantilizam o sujeito, seus afetos, impulsos sexuais, necessidades de amor, respeito e compreensão para si e para com as demais pessoas. No contexto educacional, a sexualidade da pessoa com deficiência já traz em si uma representação de exagero, exacerbação, animalidade entre outros atributos socialmente significados. No caso da família, o deficiente mental é considerado como um ser assexual, sendo que os comportamentos, atitudes e ações que esse mesmo sujeito com deficiência mental são tidos como expressões da infantilização e da crença na assexualidade do deficiente mental.
Todo e qualquer ser humano, qualitativamente, não difere quanto ao fato de sentir atração, ter desejos sexuais, afetos e demais manifestações da sexualidade. Mas o que diferencia o sujeito sem deficiência da pessoa com deficiência não são atributos físicos distintos, mas o aspecto social que subjaz as práticas dos sujeitos e dos contextos grupais. Muito mais do que olhar o aspecto meramente biológico-fisiológico-genital da sexualidade, o mais importante é entender como cada sujeito lida com os aspectos envolvidos em sua sexualidade e expressão de desejos, afetos, sentimentos e outras manifestações erótico-afetivas. Cada sujeito sente, deseja, pensa e manifesta os seus aspectos sexuais de determinada forma, além de obter de distintas maneiras prazer e satisfação sexual. Não há padrões que estabelecem o que é ou não é normal na sexualidade, principalmente no caso da deficiência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário