segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O mundo em transformação, re-transformação e des-tranformação:

Vivemos em uma sociedade sem limites para a satisfação imediata e sem conseqüências daquilo que se obtém. A transformação da sociedade fez com os indivíduos não mais pensassem no que poderia acontecer no futuro. O pensamento não está mais focado no desenvolvimento-progresso rumo ao futuro. O presente toma o lugar da busca de melhores condições futuras, não são mais requeridos aspectos da corporalidade para produzir e manter o capital. O que ocorre na passagem da sociedade sólida e pesada para a fluída e leve é o próprio desengajamento por parte daqueles que produzem, o surgimento de uma instabilidade e a liberdade de transito do capital, que agora transita livremente e não depende mais de um força corporal, da rigidez e das fronteiras.
A sociedade atual passa por não apenas uma transformação, mas por um re-transformação e des-transformação, pois se perdeu os valores que outrora estavam presentes em uma sociedade em que todos se encontravam unidos em torno de um ideal futuro. As características mais marcantes desse triplo processo pelo qual o mundo está passando são a evitação das conseqüências dos próprios atos por parte dos indivíduos e o ato de não assumir responsabilidade perante às conseqüências dos atos de obtenção de prazer imediato. O capital sendo livre de amarras, do espaço e do tempo de seu deslocamento junta-se ao imediatismo e ao pensamento de que o que pode ser feito imediatamente no presente.
Anteriormente, os donos do capital se utilizavam da força corporal e do controle rígido das estruturas fabris para manter o capital. Agora, nem se precisa mais da força corpórea nem do controle rígido. Os donos do capital, na modernidade líquida, nem desejam que os produtores estejam a seu alcance. Movimentam-se rapidamente, com facilidade e agilidade e fundem em espaços reduzidos em que o capital pode ser cambiável. O sujeito pode estar em qualquer lugar rapidamente, sem precisar esperar por uma oportunidade de terem que esperar uma mudança de sua condição social. A transformação ocorreu justamente pelo fato de que a modernidade se liquefez, estar mais leve e solta e de ter surgido uma instabilidade perante o futuro. A re-transformação ocorreu devido ao fato de que o capital tornou-se cambiante e mais leve e fluído e a des-transformação surge através da ruptura com o ideal de sociedade de união, de solidez e de preocupação com o futuro de uma nação como um todo. No caso de re-transforma sempre ocorrem mudanças que culminam em uma mesma perda, apesar de ocorrer uma transformação, os problemas sociais se repetem em uma proporção inimaginável.
Do ponto de vista psicológico, essas mudanças repercutem no modo como o sujeito lida com os momentos de sua vida. Pensando apenas no presente e na satisfação imediata, o sujeito se exime do que pode acontecer em termos futuros quando faz sua escolha de viver apenas para o agora. A responsabilidade é inerente a toda e qualquer escolha livre que a pessoa faz. Que sentido há em se dizer que agora as pessoas são livres se não assumem responsabilidades por ações indevidas? É a liberdade de chegar a um destino rapidamente, do desengajamento e da instabilidade? E como ficam aqueles que não têm condições de consumir?
Se as perguntas não possuem resposta, é por que os valores da vida em sociedade foram desconstruídos e a des-transformação surgiu. Neuroses de falta de sentido, falta de valor existencial e práticas de extermínio da própria vida são apenas algumas conseqüências psicológicas desse triplo processo de mudança social. Os donos do capital nem desejam que os “neuróticos” produtores interfirem na liberação e intercambio de capital. O produtor sofre psiquicamente por não ter perspectivas diante do futuro de seu existir e viver.

Um comentário:

  1. Pois é meu amigo...diante dessas transformações e má formações, o que tenho pra te dizer é que eu "tenho fé...olho vivo, faro fino e em silêncio ensurdecedor, acredito em dias melhores". ^^

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