terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fé rumo ao futuro: Como garantir um futuro seguro, firme e satisfatório.

Na era da sociedade e da modernidade leve e fluída, não se pode mais dizer em uma fé no progresso em termos comunitários e sociais. Os sujeitos passam a depender de seus esforços pessoais para garantir um futuro melhor, mais digno. Considera-se que a fé no futuro é garantida se uma base no presente é mantida pelo indivíduo. De acordo com esse discurso, a culpa pelo fracasso, pela degradação, pobreza e miséria é daqueles que não tiveram essa base de sustentação no presente. No momento em que a sociedade se encontra, não há mais um projeto coletivo de fé no progresso e no futuro, nem mesmo um ideal comum e coletivo de busca de um futuro melhor para um Estado ou nação.
Os esforços para com o trabalho ou labor não são necessários como outrora foram. A própria concepção de trabalho como um esforço corpóreo perde seu sentido, pois os sujeitos se apegam ao que é imediato. A fluidez da modernidade facilita para os “ávidos” consumidores produtos que são consumidos imediatamente à compra. Para os que não podem consumir, nem mesmo o trabalho laborioso e com esforço e suor do próprio corpo é garantia de um futuro digno e próspero. O imediatismo dos consumidores somente se caracteriza pela satisfação pura e simplesmente, não pelo pensamento a longo prazo que possibilita planejar um futuro melhor. O momento toma lugar do que pode acontecer e a instabilidade substitui a garantia de condições mais dignas e prósperas.
A curto prazo, aqueles que consomem tem a sensação de que podem ter, ser e viver a vida que quiserem. O presente pelo menos pode ser garantido, já que não há mais uma sociedade que ruma para o progresso. O que poderá ser feito ou não, na modernidade fluída, depende de uma base segura no momento presente. Mas como ter essa base, se nem o sentimento coletivo de solidez, estabilidade e segurança não mais existe ou não se revela como antes? O Estado não mais garante essa base, nem mesmo o trabalho, o que torna a trajetória de cada sujeito solitária e sem rumos ou caminhos definidos e definitivos. O indivíduo, como diz Bauman, se encontra em um caminho com diversas e longas pontes que tornam obscuro o prosseguir por parte desse mesmo indivíduo.
A modernidade sólida, firme e pesada se caracteriza por um caráter de rumo ao progresso de trabalho coletivo para construir um coletivo mais bem organizado e estruturado. Mas tudo isso somente era possibilitado por um poder forte e de controle da atividade corpórea, dos ritmos e movimentos e do componente temporal e espacial da organização social. Novamente vale se reportar ao aspecto psicológico resultante do imediatismo. Perdendo o rumo diante das possibilidades da existência, o sujeito se vê diante de um grande vazio com que depara. As neuroses existenciais surgem, pois as pessoas não conseguem ver o final das diversas pontes de grande distancia. A pessoa se encontra em meio de diversas possibilidades de consumo, mas não tendo como consumir essas possibilidades, enlouquece, psicotiza e perde a estabilidade emocional com que a maioria das pessoas não podem contar também.
Não há mais volta, mas o que pode ser feito é pelo menos garantir uma base segura e firme com que o sujeito existencial possa se manter não apenas no momento presente, mas ao longo de vida futuro. Mas cada um deve constituir sua base, pois coletivamente falando, a base grupal sólida e estável não é mais tão firme. O existir de cada sujeito é único, o que deveria ser conscientizado por todos. Apenas o aqui-agora não possibilita a realização de um ideal de sentindo e de vida, de forma geral.

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