terça-feira, 24 de agosto de 2010

Angústia

Estou lendo livro Angústia de Graciliano Ramos e já percebi alguns pontos que vou comentar nesse espaço de reflexão. O personagem central do conto acorda depois de dias de sombra e escuridão, mas ainda não se recupera totalmente. Sente-se fraco, com suas mãos enrugadas e velhas, o que não lhe permite escrever como antes. Conta que já havia escrito diversos textos em sua repartição. Criticas aos sistemas políticos vigentes. Mas o que lhe perturba o tempo todo são as lembraças de seu passado que invadem a sua mente sem conexão umas com as outras e que surgem ao mesmo tempo. Anda nas ruas, conversa com pessoas conhecidas, recolhe-se a noite e começa a pesar em sequências de palavras, mas que não são continuadas. Vê-se diante de sua própria morte e das entranhas da terra que o consomem. Vem uma imagem inicial de seu passado no campo, das pessoas que fizeram parte de sua vida, principalmente seu pai que é lembrado através da descrição de uma cena em que é jogado em um rio de grande profundeza em que fora afogado e aprendeu a nadar. Lembra-se também da morte de seu pai em que não chora e se isola em um canto da fazenda. Conversa com um amigo que folheia o jornal com os dedos e critica o sistema político. Seu corpo se move, ma a sua interioridade está frágil. Desempenha o papel do cidadão que convive e trabalha, mas com uma mente perturbada, distorcida e que pensa na morte sua e de seu pai. Fala no purgatório onde se localiza seu pai. Enfim, começa a sofrer sua própria angústia, finitude, está para-a-morte. Surgem no protagonista sintomas de uma patologia que se refletem no seu corpo. A consciência do ressentimento, no caso do protagonista, lhe traz determinados sintomas que se manifestam no corpo físico desse mesmo sujeito.
Revive tão intensamente os conflitos psicopatológicos, mas não os externaliza, tornando sua existência um tormento verdadeiro.

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