quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Relacionamento Amoroso

  Como qualquer ser humano, a pessoa com deficiência deseja se relacionar amorosamente com outras pessoas, sejam com ou sem deficiência. O tema "relacionamento amoroso e deficiência", apesar das mudanças sociais que foram surgindo, ainda é permeado por tabus, preconceitos e estigmas. Anteriormente, não se concebia a própria inserção social da pessoa com deficiência, ainda menos a possibilidade de constituir um relacionamento amoroso. Ainda hoje vemos que a própria aceitação do indivíduo com deficiência é incipiente. Quando os deficientes resoveram reinvindicar seu status enquanto sujeitos de direito, a sociedade como um todo, se viu diante de um dilema: como podemos aceitar alguém que precisa de auxílio a maior parte do tempo?
   Tal questionamento fez com mudanças estruturais mais amplas fossem iniciadas, o que não uma tarefa fácil. Ainda vivemos em um mundo preconceituoso. O desejo de encontrarmos alguém que nos faça feliz esbarra com os olhares de outras pessoas. Não se concebe o amor entre um cadeirante e uma mulher linda sem deficiência ou vice-versa. Mesmo o namoro entre dois deficientes não é completamente aceito. Vivemos em uma sociedade de consumo, em que a estética do corpo perfeito é um dos ditames da existência.
   Segundo Bauman (2001), a modernidade tende a ser caracterizada por sua fluidez, ou seja, a nossa sociedade atual é líquida. Anteriormente, viviamos em uma modernidade sólida em que o funcionamento da sociedade se baseava em normas, leis e regras fortemente constituídas. Atualmente, os laços que unem os indivíduos são provisórios, se dissipam rapidamente, são "fracos", não sendo feitos para durarem por muito tempo. O mesmo pode ser observado em termos amorosos.
 As pessoas se relacionam entre si de forma superficial e imediata. As relações afetivas foram gradualmente substuídas pela satisfação sexual momentânea. Os corpos esteticamente "perfeitos" são aqueles que possibilitam o pleno exercício da sexualidade. A ideia que perpassa as interações humanas é a de que a deficiência é um impeditivo à realização do pleno potencial humano. Conforme o psicólogo Fabiano Phulmann (CERTEZA,L.M, 2009), "a beleza física e a perfeição ainda são muito valorizadas, e maciçamente divulgadas pela mídia, fazendo-nos, erroneamente, atribuir ou restringir a sexualidade ao aspecto físico".
   Não é de se estranhar que ainda há um desprezo com relação ao que é "imperfeito" em termos físicos. O que torna os indivíduos pessoas de direito não deveria ser o padrão de beleza física, muito menos a perfeição estética. A internet aparece como um dos meios que possibilitam as interações sociais. Mas também devido à primazia ideal de beleza, se vê contaminada pelos estigmas, preconceitos e ideologias atuais. Concluindo, cada vez mais as pessoas com deficiência se veem impelidas a lutar com as próprias forças, conquistando seu espaço e estabelecendo relações amorosas.
       

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