sábado, 18 de novembro de 2017

Um novo começo

  Da dor surge um novo começo. Começo este que não é simplesmente rasgar a página de nosso passado. Quem tem deficiência como eu sabe o quanto é doloroso o processo de mudança, principalmente devido ao fato de passarmos a lidar com as perdas físicas e seus impactos em outras áreas de nossa vida. Perdemos todos os dias, o que torna nossa vida um desafio a ser superado. Há mais ou menos trinta anos, não se falava em pessoas com doenças neuromusculares adultas. Devido à falta de conhecimento, recursos e auxílio, as pessoas morriam em idades precoces. As doenças neuromusculares são caracterizadas por processos degenerativos, sejam em nervos, músculos, células ou demais partes do corpo. No caso de minha doença, a Distrofia Duchenne, uma alteração genética impossibilita a produção da proteína distrofina, o que acaba enfraquecendo minha musculatura e levando a problemas respiratórios e cardíacos. Conto com o auxílio da prefeitura de minha cidade que fornece gratuitamente um respirador para apnéia. 
    Retornando ao tema de meu escrito, posso almejar um futuro em minha vida, por isso um novo começo para mim. Mas o desafio que preciso superar é o preconceito. O isolamento diante do preconceito das outras pessoas dificulta meu novo começo. Apesar de procurar não me preocupar com a discriminação, ainda me sinto isolado. O novo começo deveria ser compartilhado com o mundo e com as outras pessoas, o que não ocorre com a maioria das pessoas com deficiência. A jornada é solitária e, em diversos momentos, árdua e complicada.

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