Em tempos de
incessante transformação tecnológica e de rápido fluxo de informações, pessoas
e ideais, temos cada vez mais a sensação de que não precisamos do outro para
nos tornarmos mais completos e inteiros. Há alguns anos, víamos na
constituição de uma família ou de grupos uma forma de aplacarmos a nossa falta
e nosso desamparo enquanto sujeitos em relação, enquanto humanos que somos. A
pós-modernidade não proporcionou apenas avanços, mas também trouxe em seu
desenvolvimento um dos principais fatores com que o ser humano se depara no
decorrer de seu existir: a solidão.
Teorias que enfatizam o
sujeito em relação, anteriormente, eram privilegiadas. Mas, no momento atual, o
que se tem visto é o fato de que cada vez mais nos encontramos sozinhos e
angustiados. As teorias que surgiram nos momentos iniciais do século XX e XXI
enfatizam o papel e a importância dos relacionamentos para o
desenvolvimento pessoal. Mas, agora, essas mesmas abordagens não são vistas
como suficientes para entendermos como o ser humano lida com as mudanças
constantes da vida em sociedade e pessoal. Temos visto cada vez mais pessoas
solitárias e infelizes e que não se sentem competentes para estabelecerem
relações com outras pessoas.
Do ponto de vista
existencial, podemos dizer que ser livre é uma das condições principais do
humano. Liberdade para escolhermos nosso destino enquanto seres no mundo que
somos. Como decorrência de uma condição de liberdade surge um dos sentimentos
mais comuns de todo e qualquer sujeito, ou seja, nos sentimos angustiados. A
angústia, assim como a liberdade, faz parte de nossa condição de seres livre e
que somos “jogados” na vida. Diversos modelos teóricos acabam por negar o fato
de que o ser humano é angústia, em outras palavras, negamos o fato de que nascemos
e morremos sozinhos.
O que podemos apreender através do que
acabamos de expor é que, mesmo que neguemos o contato com nossa
interioridade e com o nosso próprio eu ,
não há como nos desvencilharmos de nossa solidão. Precisamos ter o “nosso ócio criativo”
ou o nosso momento de solidão em que transcendemos a nosso momento presente
temos a possibilidade nos tornarmos mais criativos e produzirmos cada vez mais.
Relacionamentos em que cada um se encontra com o outro em sua inteireza e sem a
necessidade uma fusão ou complementaridade com demais sujeitos são mais
significativos se comparados às formas de relação estabelecidas socialmente e
tidas como um ideal de toda e qualquer pessoa.